segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Feliz Ano de 2008

Neste dia é sempre altura para recordar o que se passou em todo o ano que passou, e fazer votos para o novo ano. Não posso fugir à regra, mas com a certeza que, na prática, não é neste dia que tudo vai mudar.

A Suburbia tem destas coisas, pois num dia de alegria, se formos a analisar bem a realidade em que vivemos, poucos são os motivos para comemorar, excepto comemorar porque estamos vivos (e já não é assim tão pouco). A realidade que nos rodeia não é a melhor pois estamos objectivamente mais pobres, com pior qualidade de vida, mais soturnos, menos confiantes nos dias que aí vêm! Não é propriamente o espírito ideal para um novo Ano, mas a realidade a isso obriga.

2008 será mais um ano louco, em que apesar de ter 366 dias, parece que todos vão voar ainda mais rápido que os deste ano. A loucura dos dias é cada dia maior, a velocidade a que vivemos é cada dia maior, e mesmo sem que nos apercebamos disso, caminhamos cada vez mais rapidamente para uma espécie de auto-destruição, onde viver se torna cada vez mais difícil, apesar de termos cada vez mais meios para podermos aguentar esta vida da Suburbia.

No entanto, a Suburbia exige cada vez mais de nós: temos que ser excelentes profissionais, óptimos pais, parceiros inteligentes, maridos/mulheres dedicados e ao mesmo tempo atenciosos, quando o tempo já quase não chega para o mais básico (viver, comer e dormir)... Onde é que isto nos vai conduzir?

2008 nesta loucura não vai trazer nada de novo, pois este caminho é inexorável e parece que nada nem ninguém consegue mudar esta voragem do tempo, que tudo consome e que destrói aos poucos a Humanidade. Será que é este ano que como sociedade vamos começar a pensar que está na altura de repensar um pouco o nosso modo de vida? Que iremos repensar a forma como desenhamos estes grandes campos de cultivo de humanos a que designamos de cidades, e a forma como elas afectam toda a nossa vida?

Será que é neste ano de 2008 que a Suburbia vai começar a viver mais à nossa medida e não nós que nos subjugamos à sua força? Infelizmente não me parece, pois como humanos que somos, logo razoavelmente acomodados face à mudança, temos que ter um motivo muito forte para mudar. Ora esses motivos à escala de uma sociedade, só acontece com eventos disruptivos (revoluções, catástrofes naturais ou outras, pandemias, etc).

No entanto, faço votos para que as gentes da nossa Suburbia sejam mais interventivos e que lutem para mudar a realidade em que vivemos para melhor. Que não sejamos tão permissivos face a tanto abandono e desleixo por parte de quem tem responsabilidade de gerir os nossos espaços, de nos governar.

Se já fomos um povo de conquistadores, porque agora somos um povo de lesmas amorfas, que só se interessam com o final da novela da TVI ou o resultado do jogo do Benfica? Que 2008 traga a felicidade, mas também as rupturas para que finalmente possamos todos dizer que estamos a viver melhor. Tentarei fazer a minha parte, mas tal só servirá para algo, se esta mole de Suburbanos que tem contribuído para este estado de coisas começar a agitar as aguas.

Que o ano de 2008 seja um ano para recordar para todos, sobretudo pelos melhores motivos pessoais, profissionais, geracionais. Sejamos todos bem vindos ao Futuro. Feliz Ano de 2008 para todos!

domingo, 23 de dezembro de 2007

Feliz Natal!!

Desejo a todos os que se dão ao trabalho de ler as minhas postas de pescada, um Feliz Natal, cheio de Saúde, Alegria, Paz, Amor e já agora também umas prendinhas interessantes, pois é sinal que quem as está a oferecer ainda tem como as comprar!!

Não menospreze aquele par de meias antiquadas, ou aquela echarpe que parece saída do século XIX, pois na sua simplicidade será a forma que algumas pessoas tem de demonstrar o carinho que tem por si no Natal.

O Natal para quem não tem ninguém, pode ser a altura mais triste do ano, por isso não menospreze aqueles que ainda se lembram de si nesta data, pois mais tarde, poderá ser você a precisar da atenção deles!

Votos de Feliz Natal para todos, com a Família, com os amigos, com os colegas, com quem quiser, com quem for possível, na Suburbia ou num destino paradisíaco. O que interessa é que se sinta bem por dentro, por é essa a dádiva do Natal: alegria interior, que tanta falta faz no resto do ano!

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

O tempo não pára!

A suburbia pode melhorar ou piorar, mas há algo inexoravelmente verdadeiro: o tempo não pára, e hoje foi dia de pôr mais um ano em cima do meu nascimento.

O chato é que quando vamos ficando mais velhos, também vamos ficando mais desencantados com tudo o que nos rodeia. Mas ao mesmo tempo, espera-se que nos traga também mais sabedoria, que nos ajuda a fazer um mundo melhor, nem que seja o que nos rodeia.

A todos os que me rodeiam, o meu sincero agradecimento por fazerem parte do meu mundo, pois são eles o combustível que nos permite viver a vida, e crescer como ser inteligente.

Aos restantes, apenas posso desejar que tenham em atenção ao que os rodeia e tentem ser construtivos na vida que levam, e que isso não tenha influência negativa na vida de outros! Todos temos o direito de ser felizes!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Este blog também diz Piaçaba!

Este blog, afectado pela extrema falta de agitação que anda na Suburbia, decidiu aderir a um movimento inovador e quiça revolucionário!!

Assim este blog também diz Piaçaba!!

Quem dizer aderir ao movimento que visa limpar o bom nome de tal utensílio vá a http://piacaba.blogs.sapo.pt/

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Self-Destructive Mode?

A vida prega-nos destas partidas, em que nos deixamos iludir por falsas seguranças, por zonas de conforto das quais não queremos sair. Pois bem, a Vida na sua infinita sabedoria, encarrega-se de nos demonstrar que nada é seguro, seja onde for.

Nesta época de pretensa alegria, convívio com a família, mas também de reflexão, há momentos em que olho para o meu legado na Suburbia e vejo que apenas sobra aridez, dias banais, sem que o meu testemunho tenha servido para mudar um pouco o mundo.

Talvez por isso, este blog esteja igualmente árido, desconexo, enfadonho ou até deprimente. Afinal acaba por ser à minha imagem, à imagem da minha visão do mundo.

Será que ela interessa a mais alguém senão a mim próprio? Talvez sim. talvez não. Já me passou pela cabeça terminar com esta aventura na blogosfera, elimina-la até, para não ser apenas mais um com ideias banais.

Mas caramba... Se há tantos que escrevem por tudo, por nada, sobre tudo e sobre nada, por que é que eu não posso também deixar os meus bytes?

Vejo o mundo à minha volta a desfazer-se em várias vertentes a que dou muita importância e contribuem para o meu equilíbrio. Isso inevitavelmente transpõe-se para o meu comportamento, para a forma como todos os temas sobre os quais pretendo escrever acabam por ter uma componente destrutiva, depressiva, desgostosa. A Suburbia não é apenas isso, mas contribui para o estado de espírito. Só espero que este "Self-Destructive Mode" não seja a forma que encontrei para lidar com a mudança, pois ainda vai tornar a vida na Suburbia muito mais difícil de suportar.

Venha 2008, para que na ilusão de um novo Ano, venha a pretensão de novas alegrias, novos desafios, e também contribua para a mudança de objectivos e quem sabe de realidades, pois a actual em algumas vertentes, está tristemente doente, quando já foi radiosa e até invejada.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Vamos tornar a Suburbia asséptica

Fizeram-me chegar um artigo de opinião do António Barreto, publicado no Jornal "Público" de 25 de Novembro de 2007, que reflecte por um lado a sanha disciplinadora que agora move os nossos governantes, mas que se torna aberrante se não for enquadrada na realidade Portuguesa.
Atenção que com isto não quero dizer que sou contra a legislação aprovada, apenas é mais uma constatação que o Português (e desta vez não falo apenas dos suburbanos) passa do 8 para o 80 de forma absolutamente estapafúrdia e que apenas demonstra os tiques de querer ser o aluno bem comportado da escolinha Europeia (pensava que já nos tínhamos deixado disso, mas enfim...)

Aconselho-vos a irem ao post do António Barreto no blog Sorumbatico e a sua sequela, para perceber até que ponto se está a querer impor em vez de educar.

Aproveitem até ao fim do ano para comer na tasca do bairro, tomar um copo de vinho do pipo, e comer uns caracóis porque depois, só higienizados! Como dizia um certo humorista "se não tiver os germes, perde o gosto!".
A higiene agradece, mas não sei se isto será uma medida muito ecológica, pois vai aumentar o consumo dos plásticos e seus derivados.

Ah, e uma nota adicional: lembram-se dos embrulhos das castanhas nas folhas das páginas amarelas? Pois bem, como isso passsará a ser proibido, hoje a empresa Páginas Amarelas colocou carrinhos de venda de castanhas em saquinhos de papel devidamente higienizados com o exterior simulando o conteúdo das páginas da lista telefónica!

Realmente esta medida veio demonstrar a fácil adaptabilidade do português... especialmente do empreendedor que já viu nisso uma boa linha de novos negócios! E do Xico Esperto, que já está a pensar que os copos e pratos de plástico também podem ser lavados e reutilizados (a bem da ecologia, claro!).

Viva a modernidade saloia!!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Mulheres Balzaquianas

Hoje nasceu mais um blog que tem potencial para ser bastante interessante sobre "Mulheres Balzaquianas"!

Pelo menos, a autora tem potencial, mas eu sou bastante suspeito!

Visitem e comentem em Mulheres Balzaquianas e boas leituras. Para mulheres balzaquianas e não só!

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Roupagem de Outono/Inverno

Com a chegada do frio, também está na hora de mudar de roupas aqui no blog e torna-lo um pouco mais "gráfico"! Espero que gostem!

Se não gostarem, a culpada chama-se esposa! Se gostarem, a culpa também é dela, que andou a ensinar-me os mandamentos básicos do CSS e a dar umas dicas! Finalmente aqueles livros todos que ela andou a ler sobre o assunto lá me ajudaram!

Quem diria que ainda fosse aprender algo com a minha cara-metade no que respeita a construção de blogs!??!?

Mas também tenho o privilégio de ser ajudado pela fundadora de um dos grupos de Hardanger mais movimentados do MSN Groups, por isso só poderia ficar melhor do que estava!

Espero que seja agora que tenha mais de mil visitantes. Para todos eles, sejam novamente benvindos!

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Divagações de uma noite de chuva

As noites invernosas na Suburbia são sempre um bom motivo para divagarmos um pouco, nem que seja para fazer passar o tempo enquanto não vamos ao encontro de um novo dia. Hoje como finalmente choveu algo neste Outono com cara de Verão, tenho direito de encher este blog com pouca coisa em que nada se aprende.

Para os poucos que me lêem, não coloquei aqui mais nenhum post até agora, porque merecem que seja no mínimo uma prosa minimamente inspirada. Ora como sou tudo menos um génio literário, a inspiração não vem todos os dias. A Suburbia é suficientemente vasta e variada para se quisermos, haver temas para milhares de crónicas, diárias, quase horárias!

No entanto, confesso que estes meses não tem sido os mais inspiradores nesta bendita Suburbia, não sei se por andar desencantado com tudo o que me rodeia, ou se é apenas consequência de mais de 35 anos exposto a uma mesma realidade.

É difícil obter inspiração quando sentimos que os meses e os anos passam e não parece haver qualquer tendência para uma melhoria da qualidade de vida perceptivel como habitantes da Suburbia. Não digo que vivo pior agora do que vivia quando era criança, pois neste momento consumo mais do que podia consumir no passado. Mas e daí? A felicidade faz-se num centro comercial ou numa loja de griffe? Talvez para alguns isso seja verdade. Para mim não é...

Todos temos os nossos momentos menos felizes, e neste País cada dia mais deprimido e deprimente, de que faço parte, quer como cidadão, quer como quadro superior que contribui numa ínfima parte para a sua evolução, sinto-me a definhar todos os dias, pois cada dia parece que os Portugueses estão mais estúpidos ou amorfos (não sei qual deles ou se ambos são verdadeiros).

Olho à minha volta e sinto que algo está a mudar, só não consigo entender para onde, e o que está a mudar. No entanto, tenho a nítida sensação que não faço parte dessa mudança, que não me sinto mais parte desta realidade. Há quem me diga que preciso de me adaptar à mudança, que "estão a mexer no meu queijo". Talvez assim seja, mas para mim a mudança tem que ser feita por pessoas, e são essas pessoas que me fazem acreditar na mudança que possa estar a ocorrer!
Talvez por andar um pouco desencantado com as pessoas, que as prosas também podem ter um sabor amargo. Sinto que estou numa encruzilhada, em que algo vai ter que mudar, em que se continuar este rumo, será auto-destrutivo. Mas como bom filho da Suburbia, tenho que seguir os seus passos. Ou será que ninguém reparou que a Suburbia caminha autofagicamente para a sua própria destruição?

Olhem à vossa volta. Onde estão as cidades pensadas como se fossem um lugar bonito para se viver? Onde hajam espaços em que possamos passear, estar com as crianças num local calmo, onde possam brincar sem haver perigos com automóveis, ou até com outras pessoas?
Onde estão os espaços pensados para estarmos ao ar livre? Centros comerciais nascem como cogumelos, como variantes malignas do mesmo vírus consumista. Prédios aparecem em todo o lado, e mesmo nos lugares que estavam minimamente planeados, vemos florestas de betão a brotar para vedar o acesso da Suburbia às restias de beleza natural ainda existentes.

Talvez por isso sinto-me acorrentado neste mundo feio! E talvez também por isso, sinta que estou a ficar feio por dentro e isso irrita-me, desgasta-me, desagrada-me e isso reflecte-se no que faço e penso. Talvez devido a esta fase ainda mais cinzenta, evito blogar, pois não sai nada mais coerente do que isto...

Prosas de chuva, enquanto o tempo passa...

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Geração Bling-Bling? Ou estou a ficar velho?

Hoje dei por mim a assistir atónito a uma cena no Metro que me fez pensar que ou estou a ficar velho, ou há algo de profundamente errado nos valores da Suburbia.
Quem anda de transportes públicos na suburbia já reparou no boom de pessoas (eu inclusive) que andam neles com leitores de MP3 ou afins a ouvir a sua música e a não se meter com o vizinho do lado.
Ora bem, agora com o calor e as novas tecnologias foram recuperados (em versão século XXI) os "tijolos" que os jovens nos anos 80/90 levavam para a praia e que poluíam o ar com 300 tipos de música diferente, e que povoavam os transportes onde iam os "afortunados" que não podiam ir de carro para a praia.

Hoje, quarta-feira, 8:00 da manhã, hora a que ainda apetece ir a dormir de olhos abertos, estação do Metro da Bela Vista. Entram 2 chavalecos de uns 15/16 anos com pinta de malandrões, em traje de praia, e perseguia-os um barulho de house music que por trás da música do meu MP3 inicialmente não consegui identificar de onde vinha...

Pois bem, o que era?!? O estimado Nokia 6280 de um dos rapazolas, em modo altavoz a bombar house music em altos berros para o comboio todo ouvir! E ainda para cumulo, sentou-se em frente de um casal que ficou imediatamente incomodado com a barulheira. Devem ter pedido para ele desligar aquilo, mas ainda foi pior, pois além de não desligar ainda começou a protestar e desconfio que não se ficou apenas pela refilice, pois tinha pinta que não ia ficar pelo "não desligo porque não me apetece"... O casal ficou atónito e desconfio que se fosse alguém com cabeça quente, pelo menos o "menino" levava uma chapadona na tromba de certeza!
Não é que não goste da música mas já imaginaram se de repente as centenas de utilizadores de MP3 nos transportes se lembrassem de tirar os phones e pusessem aquilo em alta-voz? A cacofonia que não seria?

No entanto, atenção: nos últimos tempos já não é a primeira vez que assisto a situações semelhantes e quase sempre a jovens com a mania que são os maiores. Isto é apenas mais um pequeno exemplo da total boçalidade e falta de respeito pelos outros que grassa por muitos dos adolescentes neste País. E isto mais tarde vai reflectir-se na forma de estar como adultos e irá condicionar a sociedade num futuro próximo.

Os da minha geração (inicio da década de 1970) também já tinham uma visão muito idílica do mundo, e não passaram pelas dificuldades nem pela repressão da ditadura em Portugal, mas ainda assimilaram muitos dos valores socioculturais das gerações que fizeram o Abril de 1974.

No entanto, começa a chegar ao auge na sociedade uma nova classe de jovens que é individualista, medíocre, até por vezes mesquinha e que nunca teve que lutar para atingir um determinado objectivo, seja material ou imaterial. Que não valoriza a experiência dos outros, e para quem a futilidade e o imediatismo são o principal valor.

Geração "Bling-Bling"?

Não, está na altura da geração "rasca" do meio dos anos 90, do tempo do Cavaquismo, chegar a posições influentes na sociedade e moldar o evoluir do País e sobretudo da Suburbia. E isso nota-se em todos os estratos da sociedade, cada vez mais cinzenta e individualista, menos solidária.

E é esta geração que vai servir de exemplo para os jovens adolescentes, submergidos em exemplos de vida fácil e sem esforço, fomentados pelo marketing viral que os move (o amigo que manda um SMS para os amigos todos sobre aquela campanha fixe, ou um mail com mais uma oferta de musica de borla, ou liga a uma amiga a pedinchar um convite para uma discoteca da moda). Se tiver que se esforçar (leia-se "trabalhar") para os conseguir, não está minimamente interessado, pois apenas tem piada quando não tem esforço associado!

Posso estar a ficar velho, mas cenas como a que vi hoje para mim não são normais.
E só tenho pena que o casal não tivesse mesmo obrigado o "menino" a desligar o telelé-pintarolas-que-até-dá-música, ou então ficava sem ele até ao fim da viagem, como se faz aos putos mimados!

Para quem tem filhos: ao menos ensinem-nos a respeitar os outros e insurjam-se contra a indiferença e a arrogância típicas de quem nunca sentiu falta de nada. Não deixem que sejam os Media ou estranhos a moldar a mentalidade dos que lhes estão mais próximos. Participem activamente na construção de jovens mais bem preparados para a vida, mais conscientes das dificuldades naturais e também mais solidários. Só assim poderão ser felizes e em simultâneo, contribuir para a felicidade da sociedade em geral. A Suburbia agradece!

quarta-feira, 27 de junho de 2007

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Solidão das multidões

As cidades são espaços privilegiados para grandes multidões, seja no estádio de futebol, num concerto, num centro comercial, numa igreja, na rua, nos transportes.

No entanto, cada vez mais os suburbanos sofrem de um mal que vai matando aos poucos a capacidade de cada um se relacionar com os outros: a imensa solidão que a maioria sente nesses grandes espaços públicos.

A solidão urbana é fria, indiferente a sexo, raça, extracto social ou credo religioso. Esta solidão é alimentada por um ritmo de vida alucinante, em que cada um vive para cumprir um horário feito para super-homens ou para dias de 48h. É neste ambiente de loucura que ainda se tenta encontrar um amigo ou amiga, uma ou mais almas com quem se pode compartilhar momentos de prazer e descontracção.

É também neste ambiente que as relações intimas tentam sobreviver quando ele trabalha das 9 às 21 e ainda é roubado pelos colegas para ir para aquele jantar de negócios e ela trabalha das 9 às 21, mas depois vai ao ginásio para combater o stress, ou fica com aquela enxaqueca terrível depois de um dia terrível. Quando finalmente podem estar juntos, estão demasiado cansados para sentir o prazer de estar um com o outro.

Se a isto juntarem filhos ou outras ocupações tão tipicamente urbanas, o que resta? Apenas a solidão de uma cama fria ou de uma sala vazia, uma falta de intimidade com alguém que compense todos aqueles momentos mais desagradáveis em mais um dia no inferno da Suburbia.

Esta solidão das multidões é talvez o mais ignorado dos sentimentos da Suburbia, talvez porque toda a gente tenha vergonha de assumir que se sente sozinho no meio de uma multidão. Mas todos os dias, milhares e milhares de pessoas deslocam-se sozinhas na cidade, sozinhas com os seus pensamentos, medos, alegrias, ambições. Que bom seria se o pudessem partilhar com alguém! Quantas vezes não sentiram necessidade de contar a alguém algum evento e não tinham ninguém que o pudesse ouvir? Ao mesmo tempo quantos já não passaram por aqueles momentos confrangedores de alguém que não se conhece mete conversa só por que lhe apeteceu e ficamos a pensar: "Este não bate bem dos pirulitos..."

Mas agora chegou a maravilha da tecnologia que permite ultrapassar isso tudo: está sozinho e quer falar com alguém? Não incomode o seu vizinho, telefone para o seu amigo ou amiga que está a 200km de distância, para lhe falar sobre aquele assunto que no momento achou o mais importante da sua vida. Só que esta tecnologia na prática aumenta ainda mais a solidão, senão vejamos: quem não passou já pelo constrangimento de estar num almoço de amigos e 75% dos elementos na mesa estão ao telemóvel com alguém?

É por crescer este tipo de solidão que cada dia mais a sociedade, e em particular as moles urbanas estão cada vez mais descaracterizadas, tristes, amorfas, sem vida, pois está a perder-se a capacidade de comunicar com os outros de forma espontânea. Para compensar isso, criam-se as comunidades virtuais e outros estratagemas tecnológicos para reinventar o puro prazer de estar com os outros.

Não vou sugerir que agora desate a falar com aquele grupinho que vai de Metro consigo ou meta conversa com o vizinho da fila de trânsito, mas redescubra o prazer de conversar, estar com a família, os amigos e deixe lá o telemóvel em silêncio por uns minutos. Vai ver que o telemóvel não se vai sentir só (por enquanto!).

E sorria, sorria com o verdadeiro prazer de viver. Vai ver que não dói e no fim do dia sentir-se-á menos só.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Ninguém é indispensável, mas que faz falta, faz!

Em primeiro lugar deixem-me realinhar o posicionamento do que escrevo: escrevo sobre o que sinto e sobre o que me rodeia.
O objectivo inicial deste blog talvez fosse um pouco mais generalista, mas até pela pouca divulgação do mesmo (o meu contador conta actualmente umas miseras 250 visitas, e ainda por cima algumas são minhas para fazer os posts), cada vez mais se torna um cantinho intimista em que todos os que vierem por bem, são bem vindos.

Esta ausência de quase 3 meses deveu-se entre outras razões, a umas retemperantes férias em terras de Vera Cruz, que por razões meramente conjunturais acabaram por me fazer contactar durante mais tempo com outra suburbia, outra realidade, outras pessoas, mas que infelizmente tem muitos pontos comuns com a nossa realidade suburbana.

No entanto, não é deste meu devaneio por outras paragens que me leva a esta prosa. Que me perdoem os outros, mas este post tem destinatários. Nestes 3 últimos meses aconteceram alguns eventos preocupantes do ponto de vista profissional e consequentemente também do ponto de vista pessoal, pois não consigo compartimentar totalmente as relações pessoais das profissionais, pelo menos dos que me estão mais próximos.

Tenho tido o prazer de trabalhar numa equipa em que, apesar das múltiplas dificuldades sentidas num ambiente de quase guerra sem quartel, esta sempre soube manter uma estabilidade, unidade, camaradagem e força invejada por muitos dos que nos rodeiam.

Porém esta estabilidade começa a ser comprometida, quer pelas justas ambições de uns, quer pela precariedade do vínculo laboral de outros, e antevejo dias ou meses difíceis pela frente.

Costuma dizer-se que numa organização, ninguém é indispensável. No entanto, numa equipa onde cada um tem características que complementam as dos outros, a saída de alguém acaba sempre por ser uma perda sentida. Se juntarmos a isso uma relação pessoal mais próxima, a perda pode ser ainda mais sentida, mas a vida é feita disso mesmo, de rupturas na continuidade, que nos fazem acordar para a realidade a que nos acomodámos.

O motor de uma boa equipa é o respeito pelas diferentes opiniões, pelas diferenças de comportamentos, e em simultâneo o reconhecer das limitações de cada um e a humildade de as assumir sem que isso se torne uma forma encapotada de se encostar ou sobrecarregar os outros.

Sei que, tal como estive prestes a dizer "Adeus", outros o farão num futuro mais ou menos próximo, pois nada nesta vida é imutável. Fica aqui o meu testemunho sincero de que esta equipa vale pela soma de várias personalidades, maneiras de trabalhar, maneiras de ver e estar na vida e que soube gerir as tremendas dificuldades do dia-a-dia com uma postura positiva, conseguindo rir mesmo naquele momento particularmente stressante, após mais uma estonteante "cavalidade" cometida seja por colegas ou pessoas externas ao grupo.

De todos, talvez por ser o "membro fundador" da equipa, sou o que sinto mais as mexidas que se perspectivam, e sinto-o porque apesar de todos os defeitos que cada um naturalmente tem, na minha quiçá inocência, penso que todos eles podem contribuir para um objectivo comum. Cada um no seu modo de ser contribuem para que o dia seja um pouco menos cansativo... Seja pelo sorriso matinal que desarma qualquer má disposição, seja por aquele ar preocupado de quem já desancou 32 pessoas e ainda são só 9:30 e logo a seguir conta uma piada, seja pela estória de mais uma peripécia da filhota querida, seja pela resmunguice de quem mais uma vez chegou atrasado por causa do trânsito e tem 30 papeis para fechar nesse dia, ou seja pelo riso gaiato de quem parece não ter preocupações na vida, tudo isso são pequenos actos que me fazem sentir na minha segunda casa, junto da minha "família".

Numa equipa assim, garanto-vos, a todos sem excepção: ninguém é indispensável, mas todos fazem muita falta!!

A todos eles, fica aqui o meu reconhecimento pessoal pelos ensinamentos profissionais e de vida que tenho podido obter de todos eles aos longos destes últimos meses. Não sei quanto tempo continuaremos a partilhar as mesmas funções, mas podem ter a certeza que o respeito pelo trabalho e individualidade continuará, sempre na mesma na medida em que seja respeitado (só peço isso em troca).

Como dizia com muita graça um colega: "Avisa-se que um contacto prolongado com esta direcção pode causar danos irreparáveis", a que eu junto "...mas com uma equipa destas, não há dano irreparável nem mal que perdure".

Um Mundo um pouco melhor constrói-se com entreajuda e respeito pelos que nos rodeiam, sejam eles família, amigos, colegas ou até estranhos com que nos cruzamos na rua. Pense nisso e aja em conformidade. Talvez descubra que afinal a vida na Suburbia ainda pode proporcionar bons momentos no meio do stress e da loucura do dia-a-dia! E na vertente que menos esperava!!

Carta aberta ao Presidente da Junta de Freguesia do Subúrbio

Este e-mail que abaixo transcrevo, foi escrito num momento de revolta inconformada com a quantidade de disparates e desperdício do meu dinheiro (do dinheiro de todos nós) que tenho assistido nos últimos anos no meu subúrbio. No entanto, o que é revoltante é que quase todos os que vivem nas áreas suburbanas de Lisboa, tem de certeza queixas semelhantes, independentemente da cor politica do executivo camarário ou da freguesia. É por causa de pequenas coisas como estas que perco todos os dias a minha confiança na capacidade da classe política mudar algo neste País... Retiro as referências especificas, mas apenas por razões "pseudo-literárias" e de privacidade.

"Ao cuidado do Sr. Presidente da Junta de Freguesia da Subúrbia e restante executivo da Junta

Venho pela primeira vez recorrer a este meio para demonstrar o meu veemente protesto pelo péssimo serviço aos habitantes da Subúrbia que este executivo da Junta de Freguesia tem vindo a prestar nos últimos anos, no que respeita às condições de habitabilidade nesta cidade já de si problemática, e que o exemplo abaixo apenas é mais uma evidência.

Sou morador na Rua A e hoje, dia 28/MAIO/2007 fui confrontado com a execução de uma obra nesta rua que me deixou totalmente perplexo.
Há alguns anos atrás foram construídas 2 reentrâncias nos passeios da parte poente desta rua para acomodar os contentores de lixo, devidamente acondicionados, protegidos com barras de metal em redor, que por um lado impediam que os automóveis batessem nos contentores e por também impedia que em dias de maior intempérie, os contentores andassem espalhados pela rua com o vento.

Hoje ao voltar a casa no fim da tarde deparo com a obra executada (que pela dimensão e tipologia, pressuponho que seja de responsabilidade da Junta de Freguesia), em que taparam as 2 reentrâncias criadas nos passeios. Assim, os 3 contentores do lixo estão agora soltos no meio da rua, com evidente perigo de acidentes numa rua já de si extremamente apertada, estando um
deles em cima de uma curva de pouca visibilidade.

Este é apenas um dos pequenos exemplos que povoam a cidade de Subúrbia, do que considero um desperdicio quase doloso do dinheiro dos contribuintes com obras de total inutilidade. Neste bairro, infelizmente os exemplos nos últimos anos são mais que muitos:
- escoadores transversais das aguas das chuvas na Rua B que agora nada mais são do que mais bandas sonoras e buracos na rua. Só mesmo quem nunca esteve aqui no bairro num dia de chuva é que não percebe que o problema é que a rua foi construida num leito de rio e a não ser que façam uma barragem, a rua continuará sempre a inundar cada vez que chove um pouco mais forte.
- Parque de estacionamento junto à rotunda do Supermercado - fizeram um parque de estacionamento que ninguém usa com medo dos assaltos diários provocados pelos bandos de marginais oriundos do bairro vizinho. Como consequência do novo parque, a terminação da Rua A com a rotunda quase não tem espaço para se cruzarem 2 carros.
- Afunilamento da Rua A, topo poente, com a construção de um pseudo passeio que tem um desnível de quase 20 cm para a estrada (deve ser para os idosos do Bairro poderem fazer exercícios de stepping, de certeza!!!).
- Permissão de construção no topo da Rua A/Rua B com uma volumetria que tudo indica vai fazer com que a construção fique em cima da estrada. Lugares para estacionamento? Não deve ser preciso, e o construtor aproveita e "rouba" mais alguns dos poucos lugares ainda disponíveis para estacionar , para passear os filhos/netos ou o cão na rua. Acho extraordinário é como podem construir por baixo de linhas de alta tensão, mas nesta Cidade já nada me espanta.

Fora do Bairro também existem outros exemplos, como a verdadeira zona de guerra em que se transformou a Av. Paris-Dakar há meses a fio e que não se vê fim à vista, nem sequer real utilidade nas obras que estão a ser efectuadas, com prejuízos que imagino incalculáveis para os moradores e comerciantes (já de si poucos) da zona.

Apelo à Junta de Freguesia para que dedique os seus esforços a contribuir para o real bem estar e segurança das populações, como por exemplo:
- exigir junto das autoridades policiais mão firme contra a marginalidade cada dia mais evidente e descarada em toda a nossa cidade e com origem há muito identificada;
- garantir a segurança no acesso ao novo Centro de Saúde de Subúrbia ou caso contrário, estaremos a trazer os idosos, doentes e necessitados ainda para mais próximo de zona inseguras (talvez um dia os senhores autarcas venham ao novo Centro de Saúde de madrugada e tenham que ficar numa fila de espera para marcar uma consulta, e ali ao lado ouvirem os disparos de armas, como com alguma frequência ouvimos aqui na vizinhança)
- fomentar sem obras de fachada uma politica de criação de verdadeiros espaços verdes onde tal ainda é possível, e não apenas plantação isolada de umas arvorezinhas raquíticas que depois ninguém mantém
- pararem de vender a terra onde todos moramos à chusma de especuladores imobiliários que sugam a vida deste País e desta Cidade e começarem a criar condições de vida condignas aos que cá habitam, prestando serviços de forma a que Subúrbia seja uma Cidade viva e não apenas um deposito nocturno de pessoas.

Lamento dizê-lo, com a tristeza de quem sempre viveu na Subúrbia, que tenho vergonha do que estão a fazer com a minha Cidade, precisamente numa altura em que o desenvolvimento causado pela construção em torno das novas acessibilidades veio trazer uma oportunidade que não se repetirá nas próximas gerações para criar uma Cidade moderna e mais funcional e que se tinha libertado das grilhetas de um transito caótico que contribuía para asfixiar o seu desenvolvimento.

Senhores Autarcas, garanto que nas condições actuais não voltarão a ter o meu voto, quer para a Junta, quer para o Município. Como Suburbano, peço-vos que nos façam um favor: se não sabem fazer bem feito, mais vale não fazerem nada, pois pelo menos sei que o meu dinheiro não é atirado para o lixo e fico com a
inocente esperança que mais tarde poderá vir a ser bem usado por quem sabe o que faz."

Como é já normal nestes casos, não obtive qualquer resposta, mas pelo menos deitei-me um pouco mais feliz por não calar a minha revolta.

terça-feira, 6 de março de 2007

Sensibilidades

Na sociedade actual, em particular nas cidades cosmopolitas, privilegia-se e quase endeusa-se o egoísmo, o narcisismo, o desrespeito pelos que nos rodeiam, o que torna a relação fria e distante com o Mundo à nossa volta.

Eu sei que é um pouco exagerado, mas se por um acaso num transporte público ou num espaço onde estranhos se cruzem, é quase um crime passível de 10 anos de cadeia e flagelação pública, se um determinado indivíduo tem uma atitude mais compreensiva, afectuosa, simpática para com um outro que não conhece. Se for do sexo oposto, então enfrenta no mínimo pena de prisão por assédio sexual! Quantas vezes já lhe deu aquela vontade de rir quando aquele estranho à sua frente passa por aquela peripécia ou faz um comentário mais divertido? No entanto, assim que pensa no assunto, imagina logo que o outro se possa virar para si e no mínimo levar com um semblante carregado e meia dúzia de impropérios! Isso desmotiva qualquer um a sorrir, algo que nos faz tão bem!

Por isso e por tantas outras razões é que cada vez mais temos uma sociedade triste e egoísta, que não era de todo a matriz de pensamento do povo português, conhecido por ser um dos povos mais alegres e acolhedores da Europa. Este modus vivendi também se reflecte na forma como nos relacionamos com os que nos estão mais próximos, quer seja família, amigos ou colegas de profissão.

Os laços que nos unem a amigos e família deveriam ser os mais fortes, onde é maior a solidariedade, a capacidade de perdoar e compreender, de ajudar a construir um Mundo um pouco melhor pelo menos no seu universo mais privado. No entanto, cada vez mais se sente a volatilidade das relações, os amigos que eram tão amigos mas à primeira dificuldade afastam-se, zangam-se e tornam-se quase os piores inimigos; os familiares que estão mais interessados em obter proveitos financeiros do parentesco; os filhos que cada vez menos se revêem nos pais, tentando a todo o custo se afastarem deles e da sua matriz de pensamento e valores.

Ora se na sua esfera mais pessoal, os valores já estão assim tão degradados, o que impede de extravasar isso para a esfera profissional ou da vida pública? O condutor que no trânsito comporta-se como apenas ele estivesse na estrada, o executivo que espezinha todos os que o rodeiam para conseguir aquele objectivo ou prémio adicional.

A minha visão do mundo, os valores que me foram incutidos são diferentes, e juntando isso a uma grande dose de timidez, leva a que me sinta desajustado em ambientes ultra-competitivos ou em que haja uma grande crispação entre os que me rodeiam, ou onde haja uma luta de poder.
Talvez por isso tenha uma tendência natural para me relacionar melhor com aqueles que se identificam com os meus valores, e ter prazer em sentir que há contributo mutuo para que a vida louca que todos levamos na grande cidade seja um pouco menos intolerável, em que se sinta ali um porto de abrigo para um desabafo, uma confissão, uma piada ou até uma qualquer inocente coscuvilhice.

No entanto, mesmo nos que nos são mais próximos, há que jogar com as sensibilidades de cada um, o que obriga a ter cautelas para não causar incómodo ou desconforto no outro. A natureza humana é tão rica em cambiantes, que por vezes obriga a uma ginástica mental e social que não deveria acontecer se vivêssemos numa sociedade mais humanizada e calorosa.

Quem não passou já por situações em que teve de deixar de conviver com um familiar, amigo ou colega, porque outro que também nos é próximo tem uma má relação ou incompatibilidade com o primeiro? Aquela situação desconfortável de querer convidar um para um almoço ou tomar uma bebida ou partilhar um qualquer momento mais marcante, mas não pode porque o outro vai ficar constrangido ou amuado? Se eu tenho que respeitar as divergências entre eles, porque é que eles não podem respeitar a amizade que tenho pelos dois? Ah, claro, não podemos ferir as sensibilidades de cada um. E a minha sensibilidade, quem a respeita? Não tenho o direito de privar com 2 pessoas que estimo num mesmo local ou ocasião? Não tenho o direito de pelo menos sonhar que ambas vão ultrapassar as suas diferenças e finalmente descobrirem o que as une em vez do que as separa? Se eu sou capaz de apreciar isso, então provavelmente há apenas um deficit de compreensão pelas diferenças um do outro.

Como diria o outro, "se todos gostassem de uma só cor, o mundo seria amarelo"! É nesta diversidade que reside a beleza do mundo em que vivemos, e que as grandes cidades potenciam ao máximo, quer pelas migrações de pessoas com as suas diferentes origens e extractos socio-culturais, quer pelo ritmo alucinante de vida em que ninguém consegue sequer ter tempo para alinhar as suas ideias, valores e expectativas de vida com ninguém.

Não quero viver rodeado de clones meus, mas quero poder conviver com diferentes sensibilidades, experiências de vida (ou falta de experiência), que contribuem todas em conjunto para crescer todos os dias como uma pessoa melhor, e tentar dentro do possível expurgar as más vibrações que todos nós também transmitimos.

Olhe à sua volta e pergunte-se a si própria se aquele familiar, amigo, colega ou até um estranho com quem você se pegou na semana passada, no fundo não tem um ângulo que merece a pena explorar? Afinal naquele dia, ele estava irritado porque lhe tinham roubado a carteira ou tinha tido um acidente na família (mas você não sabia, não quis saber ou nem poderia saber...). A vida é curta demais para fazer inimigos... e o amor, amizade ou companheirismo é muito mais gratificante, faz bem à saúde, ao ego e ao ambiente!

Pense nisso, mas também concretize... Vai sentir-se melhor, com certeza!

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

É mesmo preciso um Dia dos Namorados?

A sociedade actual, com a correria do dia-a-dia, esquece os items mais básicos para uma vida minimamente feliz, como o Amor. Numa sociedade em que se desse primazia às pessoas, seria necessário instituir um Dia dos Namorados? Se alguém ama outra pessoa, algo vai mal se precisa de um dia no ano para o demonstrar!

No entanto, agora instituiu-se o dia dos Namorados como o dia para demonstrar (compensar?) o amor pela pessoa amada. A vida por vezes degradante das grandes cidades obriga a estes mecanismos de compensação, em que funciona como uma catarse pela pouca atenção que lhes prestamos durante o resto do ano. Claro que não é tanto assim para os enamorados, mas acontece cada vez mais com os casais, em particular, casais em que ambos trabalham e tem um ou mais filhos de tenra idade.

Numa cidade como Lisboa, em que quase todos os que lá trabalham moram na periferia, e em que quase ninguém consegue cumprir "apenas" 8h diárias de trabalho, estamos perante um cenário em que:
  • Levantam-se ambos às 6 da manhã para cuidar dos miúdos
  • Saem de casa às 7h da manhã para levar os miúdos à escola que fica a meia-hora de carro porque a escola que está perto de casa só tem marginais e não inspira confiança;
  • Chegam ao trabalho às 9h(com sorte...)
  • Um dos pais sai do trabalho a correr às 17h30 para que os miúdos não fiquem plantados à porta da escola à espera. Quem não lá escolhe a ajuda da primeira instituição de caridade familiar: os avós
  • O outro, por causa do trânsito infernal ou daquele problema com os transportes chega a casa às 20h, completamente extenuado e furibundo com mais uma "seca" depois de um dia de trabalho
  • Jantar juntos? Nahhh... os cuidados com os miúdos não deixam!
  • 21h00? Com sorte já conseguiram jantar... Finalmente um pouco de paz porque os miúdos estão quase a ir pra cama. Os que não estão, estão a pedir ajuda para aqueles deveres escolares que tem dificuldades e para os quais nem os pais percebem que mente retorcida pediu aquilo... e a cabeça começa a pesar com o cansaço!
  • Finalmente conseguiram pôr os miúdos a dormir!! Mas a esposa quer ver o episódio da novela que está muito interessante... e quando olham um para o outro, percebem que são 23h.
  • Azar, afinal hoje a novela tem 2 capítulos seguidos / há 2 novelas seguidas (escolha o que quiser!), e a noite vai acabando...
  • Quando finalmente olham novamente um para o outro... estão demasiado agastados e cansados para pensar nessas coisas de Amor!
É para eles que deve servir o Dia dos Namorados!! Então, que tal mudar o nome para Dia dos Casados com Filhos? Realmente o nome é feio, mas era mais adequado. Amor não escolhe o dia nem a hora, nem precisa de data no calendário!

Agora vou continuar a namorar, que é sempre muito melhor do que pensar na vida do Subúrbio! Pense nisso, namore, ame e por uns momentos esqueça todos os dias a vida tramada que possa ter!

A todos os que sabem amar,Feliz Dia dos Namorados!

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

A Pequenez perante a Força da Natureza

O dia no Subúrbio até parecia que ia ser modorrento, com uma chuva miudinha, o céu cinzento, as intermináveis filas de trânsito tão típicas da 2ª feira, que a qualquer comum dos mortais, dá logo vontade de fazer meia-volta e voltar para casa...

No entanto às 10:35, surge um evento que veio marcar o dia. A essa hora, ocorreu um sismo ao largo do Cabo de São Vicente, a cerca de 160Km, com uma intensidade de 5.8 na escala de Richter, o mais intenso desde o sismo de 1969.

Já estava no trabalho a tentar organizar as ideias para começar mais uma semana, mas naquela hora senti um tremor ainda mais incontrolável do que o habitual. Ainda pensei que fosse mais um camião a passar na rua que faz tremer o edifício, mas desta vez não. Senti-o na cadeira, na sala, na mesa, por dentro. No entanto quando tomei consciência do que era já tinha terminado! No entanto, definitivamente abalou o meu dia!

Devo confessar que de todos os fenómenos naturais de maior magnitude, o que mais me assusta é precisamente o sismo, quer pelo potencial de destruição, quer pela total imprevisibilidade do mesmo. É perante fenómenos desta natureza que me sinto minúsculo, impotente, perante tamanha força! É esta força da Natureza que nos faz relembrar que apenas estamos aqui porque a Mãe Terra nos permite usufruir das suas belezas e riquezas, que tanto teimamos em destruir, saquear e conspurcar.

Essa força que faz com que o chão que achamos sólido se transforme numa geleia em movimento, que nos faz tremer, balançar, cair e perder o norte. Que faz desmoronar o que ninguém achava possível destruir, que faz desaparecer o que tomávamos como inexpugnável ou indestrutível.

O susto é maior porque ao imaginar o que pode acontecer após o Grande Sismo, me vejo num cenário de total caos, com destruição maciça do mundo que nos rodeia, pois não acredito que num cenário de verdadeiro abalo, não tenhamos um grande grau de destruição das cidades na área metropolitana de Lisboa, devido a tantos e tantos erros, vícios e atropelos na construção civil nos últimos 30 anos.

Até agora, apenas tem sido leves amostras do que a Terra é capaz. Mas e nós? Teremos capacidade para superar essa adversidade? Egoisticamente falando, espero nunca saber a resposta a esta pergunta. Mas é uma pergunta que algum dos nossos descendentes fatidicamente terá que obter a resposta.

Como sempre, no subúrbio, isto apenas mais um incidente, e a vida retoma a anormalidade normal de todos os dias. Amanhã ninguém mais se lembra do assunto, até a Terra tremer novamente, quem sabe se durante um lindo por do Sol de uma esplendorosa tarde de Verão!

Seja como for, hoje senti-me ainda mais pequeno. Mais uma vez, fui posto no meu lugar pela Mãe Natureza: sou apenas mais um dos elementos que habitam a Terra, e não o dono dela!

Pense nisso!! Aprenda a respeitar o Mundo que o rodeia!!

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

É hora de mudar?

A vida profissional por vezes consegue ser tremendamente frustrante, mas segundo um artigo colocado no Expresso Emprego (o "boletim de emprego" para os quadros e técnicos superiores), há alguns sinais que indiciam que está na hora de mudar. Estes artigos devem sempre ser lidos com alguma parcimónia, pois nem sempre se aplicam a todos os casos. Aqui fica um pequeno trecho.

Algo vai mal no emprego quando
  1. Você acorda desmotivado para o trabalho e só recupera o bem-estar quando chega a casa
  2. Estar no escritório é um sacrifício
  3. O simples som do telefone a tocar deixa-o de nervos em franja
  4. O único motivo pelo qual trabalha na empresa é o facto de necessitar do salário
  5. Está desmotivado em relação ao que ganha
  6. O relacionamento com os colegas começa a deteriorar-se
  7. As suas perspectivas de crescimento na empresa ou progressão na carreira são quase nulas

Depois de ler isto fiquei ainda mais preocupado, pois cumpro todos os requisitos! No entanto, se formos a pensar com mais cuidado, veremos que a maioria das pessoas empregadas, sobretudo nas grandes cidades, sofrem da maioria destes males.

Isto deve-se sobretudo a uma classe empresarial que ainda está mais vocacionada para o trabalho escravo, estupidificante, que não permite aos colaboradores (nome PC para escravo) pensarem pela sua cabeça e por a sua inteligência ao serviço do bem da empresa.
Se juntarmos isto aos horários vergonhosamente extensos que obrigam a que muitos trabalhem de sol a sol, quase sem contacto com a família, potencia ainda mais este tipo de sentimentos de quase desespero no local de trabalho.

Para quando empresários inteligentes que admitam que os seus colaboradores são realmente uma força viva, inteligente, capaz e que pode ser factor decisivo para potenciar o seu próprio negócio?

Nahhh, isso é para os países seriamente desenvolvidos. Infelizmente em Portugal, são raríssimas as excepções e a tendência do crescimento desta linha de pensamento empresarial não vê sinal de que vá preponderar nos próximos anos ou até nas próximas gerações.

Para isso também é preciso uma mudança de mentalidades do empresário, mas também do trabalhador, que como bom português, usa todos os argumentos para produzir o mínimo possível com o mínimo de esforço. E o pior é que nem se pode dizer que seja uma característica de determinados estratos sociais ou culturais, mas sim uma herança genética que cruza toda a sociedade portuguesa e que não se vislumbra qualquer alteração significativa.

É hora de mudar? De emprego? Talvez sim, talvez não... Agora está definitivamente na hora deste País mudar o rumo para que quem nasça agora tenha esperança de ter um futuro melhor, e não apenas ser mais um energúmeno burocrata, preguiçoso e cheio de esquema que enferma e tolhe todos os estratos da sociedade Portuguesa.

Pense nisso... Pense bem nisso!! E comece já a agir, no dia-a-dia, tentando ser mais competente, solícito e exigente consigo próprio e com os outros!!

domingo, 28 de janeiro de 2007

Neve em Lisboa?!?! Outra vez ?!?!

Então não é que hoje parece que voltou a nevar em Lisboa, como o ano passado, exactamente no mesmo fim de semana? Será uma mera coincidência, ou um sintoma das alterações climáticas que ninguém quer assumir, mas que toda a gente já tem a certeza que estão a acontecer?

Tem piada ver flocos de neve a cair, e estamos na época de manifestações deste tipo, mas caramba, Portugal ainda não é propriamente um país nórdico, e nevar em zonas próximas do mar, indicia que algo está errado com o clima.

E claro que como as habitações não estão vocacionadas para temperaturas, lá começa novo flagelo: os incêndios em casa e intoxicações por inalação de monóxido de carbono! Por mais que hajam avisos sobre os perigos nestes dias frios, quase sempre acontece uma desgraça destas. Enfim, uma triste realidade associada a um tempo mais triste.

No entanto fica aqui a pergunta no ar? Será que no dia 27 de Janeiro de 2008, teremos que tirar os esquis de casa? Eu vou já aproveitar os saldos para comprar umas luvas quentes para o próximo Inverno, uma vez que me parece que agora vem estes 2 ou 3 dias de friozito e pronto, acabou o Inverno!

Claro que se nevasse a sério, seria totalmente caotico. Já estou a imaginar a quantidade de acidentes provocados pelos deslizes na neve, carros atolados, engarrafamentos monstruosos... Enfim, toda a gente ia praguejar contra a nave! Assim como tem sido sempre ao Domingo, é um fait-divers para encher telejornais e algumas conversas de amigos!

Como agora passou a ser habitué, então "Adeus neve, até pró ano!!"

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Confissões de um blogger

Isto de ser um blogger revela-se por vezes bem mais difícil do que parece. Pelo menos se quisermos ser intelectualmente honestos e não fugir muito ao tema que tomámos como linha condutora de um determinado blog.

Não que a vista do subúrbio não seja pródiga em momentos de potencial interesse para quem perde uns minutos a ler as minhas prosas, mas precisamente porque não quero que sejam apenas mais meia dúzia de frases banais, links para outros sites, vídeos do YouTube e pisca-piscas afins com que a maioria entope os seus respectivos blogs para parecerem muito agitados.

No entanto, a vida do subúrbio é por vezes tão repetitiva, tão pouco interessante que nem merece 2 linhas para a "posteridade" na internet. E talvez seja por isso mesmo que a inspiração para manter vivo este blog não esteja a ser a melhor e isso se reflicta quer nos posts, quer nas visitas. É verdade que também o feedback, sempre importante para qualquer "autor", é diminuto ou quase nulo, mas faço-o por um prazer pessoal em escrever o que vai na alma, quase como uma catarse da maluqueira diária a que somos sujeitos.

Não pretendo ser intelectual ou mudar o mundo (que é uma realidade com que somos confrontados ao longo da vida como a maior mentira de todos os tempos: ninguém muda o mundo sozinho), apenas contribuir para que os poucos que me lêem pelo menos parem 5 minutos e reflictam sobre o que podem mudar nas suas vidas e dos que lhes estão próximos para serem um pouco melhores, quer na relação pessoal, quer na relação com o mundo que os rodeia.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

2007

Em todos os anos que entram, há sempre a vontade de mudança, de desejar algo de novo e diferente para nós e para os que nos rodeiam.

No entanto, sinto que este novo Ano entrou deprimentemente igual ao anterior, com os velhos problemas, as velhas maleitas, e com perspectivas sombrias de melhoria no Mundo que nos rodeia.
Em particular não gosto de anos ímpares, mas é meramente uma superstição pessoal, que não tem nenhum carácter objectivo. Apenas uma experiência de vida!

Mas sobretudo é mais um ano em que como comunidade continuaremos afogados em dívidas, com desenvolvimento fraco ou nulo, em que a chico-esperteza será Rainha, e o pato bravo será o Rei!

Costuma-se comer as 12 passas de uva ao passar a meia-noite e fazer 12 desejos... Pois bem, pelo menos um posso revelar, e talvez o mais importante: haja saúde e não se perca a vontade de rir dos problemas e tudo o resto ainda é suportável!

Bom Ano de 2007!