segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Feliz Ano de 2008

Neste dia é sempre altura para recordar o que se passou em todo o ano que passou, e fazer votos para o novo ano. Não posso fugir à regra, mas com a certeza que, na prática, não é neste dia que tudo vai mudar.

A Suburbia tem destas coisas, pois num dia de alegria, se formos a analisar bem a realidade em que vivemos, poucos são os motivos para comemorar, excepto comemorar porque estamos vivos (e já não é assim tão pouco). A realidade que nos rodeia não é a melhor pois estamos objectivamente mais pobres, com pior qualidade de vida, mais soturnos, menos confiantes nos dias que aí vêm! Não é propriamente o espírito ideal para um novo Ano, mas a realidade a isso obriga.

2008 será mais um ano louco, em que apesar de ter 366 dias, parece que todos vão voar ainda mais rápido que os deste ano. A loucura dos dias é cada dia maior, a velocidade a que vivemos é cada dia maior, e mesmo sem que nos apercebamos disso, caminhamos cada vez mais rapidamente para uma espécie de auto-destruição, onde viver se torna cada vez mais difícil, apesar de termos cada vez mais meios para podermos aguentar esta vida da Suburbia.

No entanto, a Suburbia exige cada vez mais de nós: temos que ser excelentes profissionais, óptimos pais, parceiros inteligentes, maridos/mulheres dedicados e ao mesmo tempo atenciosos, quando o tempo já quase não chega para o mais básico (viver, comer e dormir)... Onde é que isto nos vai conduzir?

2008 nesta loucura não vai trazer nada de novo, pois este caminho é inexorável e parece que nada nem ninguém consegue mudar esta voragem do tempo, que tudo consome e que destrói aos poucos a Humanidade. Será que é este ano que como sociedade vamos começar a pensar que está na altura de repensar um pouco o nosso modo de vida? Que iremos repensar a forma como desenhamos estes grandes campos de cultivo de humanos a que designamos de cidades, e a forma como elas afectam toda a nossa vida?

Será que é neste ano de 2008 que a Suburbia vai começar a viver mais à nossa medida e não nós que nos subjugamos à sua força? Infelizmente não me parece, pois como humanos que somos, logo razoavelmente acomodados face à mudança, temos que ter um motivo muito forte para mudar. Ora esses motivos à escala de uma sociedade, só acontece com eventos disruptivos (revoluções, catástrofes naturais ou outras, pandemias, etc).

No entanto, faço votos para que as gentes da nossa Suburbia sejam mais interventivos e que lutem para mudar a realidade em que vivemos para melhor. Que não sejamos tão permissivos face a tanto abandono e desleixo por parte de quem tem responsabilidade de gerir os nossos espaços, de nos governar.

Se já fomos um povo de conquistadores, porque agora somos um povo de lesmas amorfas, que só se interessam com o final da novela da TVI ou o resultado do jogo do Benfica? Que 2008 traga a felicidade, mas também as rupturas para que finalmente possamos todos dizer que estamos a viver melhor. Tentarei fazer a minha parte, mas tal só servirá para algo, se esta mole de Suburbanos que tem contribuído para este estado de coisas começar a agitar as aguas.

Que o ano de 2008 seja um ano para recordar para todos, sobretudo pelos melhores motivos pessoais, profissionais, geracionais. Sejamos todos bem vindos ao Futuro. Feliz Ano de 2008 para todos!

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