domingo, 24 de dezembro de 2006

Feliz Natal!

Estamos na época de Alegria, Felicidade, Amor pelo Próximo e é sempre compensador ver aqueles que mais sofrem durante todo o ano, pelo menos terem algum Carinho e Amor por parte de quem normalmente os ignora. É a hipocrisia politicamente correcta do Natal Ocidental dos países supostamente desenvolvidos!

Mas caramba, pelo menos que haja 2 ou 3 dias por ano em que as pessoas se olhem nos olhos e desejem Boas Festas com um sorriso nos lábios, quando normalmente há apenas uma expressão carrancuda. Que haja pelo menos uma altura no ano em que realmente nos preocupemos um pouco mais com o próximo, em demonstrar (nem que seja de forma um pouco artificial) o quanto gostamos do outro, o quanto ele/ela significa para nós. Deveria ser assim todo o ano, mas a maldita vida agitada das cidades faz-nos esquecer de dizer a quem nos rodeia o quanto é importante a sua presença.

Talvez seja por isso que o Natal, sendo a época do ano da fraternidade, é também a época do ano onde a solidão é mais sentida, mais dura, onde quem se sente só, sente aquela amargura de não ter com quem partilhar este momento bonito que todos os anos se repete, e que sempre desejamos que seja Feliz Natal!!

Na imensidão de gente que divaga pelas catedrais do consumo, há os que se sentem compelidos a comprar, mas imensamente sós, porque apenas estão a dar-se "mais uma prenda". Nas cidades, cada dia mais descaracterizadas, isso é que cada dia mais real. Cada dia há mais pessoas sós, fechadas no seu Mundo, que se torna avassaladoramente imenso neste data, em que todos estão longe, muito longe ou então se esqueceram que essa pessoa existia.

Para mim esta época acaba por ser deprimente, pois sinto a solidão sorrateiramente a apoderar-se de mim, apesar da presença confortante da família, das dezenas de mensagens de mail, SMS e afins que vou recebendo, algumas delas de pessoas que já nem sabia se estavam vivas ou não! Mas e quando não estiverem lá?!?

Mas o Natal é também uma época de reflexão, e por isso, estas palavras são tão pouco felizes mas sentidas... Seja como for, a todos um Santo e Feliz Natal, e que da solidão das suas almas, se juntem com todos os que os rodeiam e façam uma pequena comunidade mais feliz, nem que seja por um dia!

FELIZ NATAL!

sábado, 9 de dezembro de 2006

Natal é quando o Homem quiser

Gostava de saber quem foi que inventou esta frase tão idílica quanto anacrónica!

É verdade que o Natal pode ser quando qualquer um de nós se sentir com vontade de ser benemérito, mas sobretudo hoje em dia o Natal é mais uma fúria de consumismo, em que as empresas/lojistas tentam esmifrar mais uns euros aos desgraçados que lá tem que comprar qualquer coisa para compensar a falta de atenção que prestaram aos seus durante o resto do ano.

O pior é que a ver pelo estado completamente superlotado dos centros comerciais e afins desta cidade, parece que há mesmo muita gente com um sentimento de culpa acima do normal!! De onde vem tanta gente? Nascem dos buracos e trazem milhares de pequenos seres que gritam, correm e obrigam os desgraçados dos pais a perder ainda mais a pouca paciência que uma semana de trabalho tratou de rebentar!

Olhem para a cara dos pais e dos avós ou familiares que tem que aturar o puto aos berros a exigir o Action-Men, o Noddy ou outro produto qualquer anunciado pela trilionésima vez na TV nas últimas semanas. O sorriso é para disfarçar o desespero, a vontade de lhes dar uns tabefes para ver se aquela boquinha se cala! Claro que isso agora é politicamente incorrecto, e por isso temos agora tantos adolescentes e futuros adultos que são completamente boçais, arrogantes e que demonstram total desrespeito pelo próximo!

Mas voltando à estória do Natal, realmente podia ser quando o Homem quisesse... Aliás podia ser todos os dias, para ver se os coitadinhos dos comerciantes ganhavam mais uns trocados, para ver se as lojas tinham uns produtos interessantes todo o ano e não apenas durante 2 semanas, para ver a solidariedade a acontecer 365 dias por ano e não apenas na Consoada. Mas assim as novas Igrejas dos Suburbanos, conhecida por Centro Comercial ficavam sempre cheias todos os dias do ano!! CREDO!!!

Deixem lá ficar o Natal no dia 25 de Dezembro, que queremos Paz e Sossego na nossa carteira pelo menos durante 330 dias no ano! E dêem atenção aos entes queridos todo o ano, para não terem que os pseudo-compensar com prendas de duvidosa utilidade.

Pense nisso, e o Natal (o verdadeiro Natal, da Solidariedade e do Amor) será mesmo quando qualquer um de nós quiser!!

Feliz Natal!

terça-feira, 28 de novembro de 2006

Para os que acham que isto só acontece nos outros países!!!

Por coincidência (ou talvez não) parece que a cidade em que durmo é motivo de notícia e pelas "melhores razões"!

Não faço comentários, apenas leiam, vejam e talvez os mais cépticos percebam o porquê das minhas prosas serem tão pouco coloridas e com tão pouca esperança.

Polícia acompanha vítimas de agressões (Noticia SIC de 24/Nov/2006)

Só espero que isto contribua para que quem tem poder para mudar algo neste País, veja isto como um de muitos sintomas de total decadência das grandes cidades. Em França, queimam autocarros, aqui parece que agora é fashion partir para a agressão gratuita.

Pensem nisto!

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Como é fácil falar!

Parece que foi de propósito, mas logo após o meu post anterior, a minha família foi mais uma vez vítima dos marginais que vivem no guetto a que se convencionou chamar Quinta do Mocho.
Seria apenas mais um de muitos assaltos a que já quase estamos habituados, se não fosse um pequeno detalhe deveras preocupante, sobretudo para o futuro que já de si não é famoso: a "matilha" era constituída maioritariamente por miúdos com menos de 12-13 anos.

A idade podia ser pouca, mas a técnica era já muita, pois enquanto um distraía, outro atacou por trás com o objectivo de pôr a vítima KO. Como não conseguiram, a "matilha" partiu para a agressão pura e simples!

O que fazer num caso assim? A Polícia nada pode fazer, porque são menores de idade. As vitimas também nada podem fazer, porque são vítimas da cobardia do ataque em grupo! Como é que se quebra esta espiral de violência? Será que é preciso morrer alguém para serem tomadas medidas sérias?

Não quis escrever logo este post, porque a raiva que se sente nestas ocasiões não é boa conselheira e concerteza não iria sair uma prosa muito "politicamente correcta". Mas que diabo, a vontade era pegar num bastão de baseball e caçá-los um a um!! Infelizmente a impunidade só existe para os marginais.

Quem é sério e nunca roubou nada a ninguém, tem que ser enxovalhado e viver num clima de terror, com medo de sair de casa, para que um grupo de putos que ninguém sabe educar exerçam a Liberdade à sua maneira? Não!! A liberdade deles acaba onde começa a nossa, e se não a sabem respeitar, tem que ser reprimidos com vigor e com autoridade. Mas neste País isto não passa de uma piada de mau gosto, onde tudo é permitido na Santa Paz do Senhor!!

Acorda Portugal, antes que seja tarde de mais! Acorda Europa, enquanto é tempo!!! Não tenham medo de reprimir a marginalidade em todas as suas formas, seja os marginais do volante, os de colarinho branco ou os de faca ou arma na mão!! Terão o meu apoio incondicional!!

Para que os todos os outros que vivem a sua vida como podem, trabalhando honestamente, não sintam MEDO!! Medo torna-nos irracionais e provoca as tensões xenófobas que se vê por todo o lado. Não quero ter áreas da terra onde sempre vivi onde nem posso entrar, por temer pela vida ou pela carteira!

Para que isto aconteça é preciso ter coragem de enfrentar o problema sem contemplações, falsos moralismos, ou até uma falsa piedade. Criminoso tem que ser tratado como criminoso, não como coitadinho, como desadaptado, ou outros clichés politicamente correctos. Se é Português, cadeia com ele, se não é, deportação sem apelo! Crime é uma opção, não uma obrigação, logo assumam os riscos e as consequências! E não me venham dizer que a pobreza conduz à criminalidade, pois há muita gente num nível de pobreza quase total e não é por isso que se dedicam à marginalidade!

É preciso uma Justiça forte, célere e igual para todos, Polícia eficaz e não um grupo de cobardes ou acomodados caçadores de multa. Se a ideia é lucrar com as multas, então montem empresas públicas para o efeito e libertem os polícias para reprimir a sério o crime, para o policiamento de proximidade (onde é que estão os 2 homens do CI da PSP que patrulhavam a pé o bairro nos tempos quentes de transição entre GNR e PSP?), para controlar os bandos! Para mostrar que não há zonas do País sem lei! Nem que para isso, montassem guarda 24 x 7 nos piores bairros, como demonstração de força!

Este aumento de força policial poderia incomodar-me, mas prefiro saber que estão ali a zelar pela segurança dos outros, do que a miséria actual em que são alvo da chacota de todos e as policias são tão respeitadas como cuspo na calçada. Não quero viver na selva, quero viver como qualquer cidadão de bem: em Paz!!

Mas falar é tão fácil...

terça-feira, 31 de outubro de 2006

Discriminações

O tema dá para encher dezenas de blogs, de posts, e nunca tudo será dito sobre o assunto. Conforme a sociedade portuguesa vai evoluindo e assimilando cada vez mais culturas e hábitos diferentes, mas de forma quase forçada e não natural, vão surgindo cada vez mais anti-corpos que derivam sobretudo do desconhecimento, da ignorância e por vezes o medo de conhecer formas diferentes de viver a vida!

Quando falo de discriminação, falo de vários tipos de discriminação: sexual, racial, social, intelectual e até geracional. Cada um destes tipos de discriminação germina em comunidades que estão perante pressões que as leva a reagir de forma adversa à mudança. Lanço apenas 2 exemplos que me estão próximos, e que espero que sirvam para reflexão de quem lê esta prosa, de forma a tentar inverter um pouco os seus comportamentos e contribuir para melhorar um pouco este Mundo cada dia mais cão.

Desde o início dos anos 80 do século passado (caramba, parece que foi há muitos anos), que se tem vindo a acentuar o crescimento de bairros nas periferias das grandes cidades, onde vivem milhares de emigrantes dos PALOP, africanos, brasileiros, de Leste, etc. Em primeiro lugar, por razões que se prendem com o apoio que existe dentro de cada uma das comunidades, os diversos grupos étnicos ou da mesma nacionalidade tendem a juntar-se num mesmo ambiente, o que considero até natural numa fase inicial da chegada a um novo país.
No entanto, deveriam ser criadas condições sociais para que esse conforto inicial dentro da comunidade se transpusesse para a comunidade envolvente, permitindo assim as pessoas crescerem e sentirem que Portugal é também a sua casa! Só assim será possível acabar com os guetos que hoje proliferam pela periferia das grandes cidades.

É bonito falar desta forma e será até politicamente correcto, mas para que isto seja uma realidade, terá que se pensar em formas de ultrapassar as barreiras existentes entre quem cá está e quem chega, formas de dar a conhecer a cultura, a forma de estar de cada comunidade, e assim contribuir para um melhor entendimento entre todos. A realidade actual está muito distante deste mundo idílico. A realidade retratada na comunicação social e que eu constato na minha realidade do dia-a-dia é que a pequena criminalidade é praticada primordialmente por individuos de raça negra (independentemente de serem portugueses nados e criados ou não), cigana e agora até por individuos dos países de Leste. Ou seja, se fossemos olhar apenas a esta visão tacanha da realidade, poder-se-ia concluir que acabando com a imigração, acabava-se com a insegurança!
Por cada um destes marginais, quanta gente mais que vive em condições deploráveis, explorados por patrões e por máfias sem escrúpulos, e que apenas querem ganhar algum dinheiro para poderem dar uma vida um pouco melhor às famílias que ficaram para trás nos seus países de origem. O que me revolta neste tipo de discriminação é a arrepiante falta de memória ou então pior ainda, a vontade de vingança mesquinha, do português médio.

Parece que hoje todos se esqueceram que a grande maioria dos habitantes das grandes cidades não nasceram lá, e que no caso de Lisboa por exemplo, migraram do interior à procura de uma vida melhor nas décadas de 1950/1960. Os que não vieram para as cidades, tentaram a sua sorte na emigração para a Europa, América e muitos deles sofreram e ainda sofrem humilhações e discriminação que deveria fazer com que a sociedade portuguesa aprendesse a não repetir estes erros com os que aterram nos nossos aeroportos e entram pelas nossas fronteiras.

Caramba, que um inglês, um francês ou um alemão não compreenda as dificuldades de integração de alguém que chega vindo de uma sociedade mais pobre, mais inculta, menos desenvolvida, eu até posso entender (não quer dizer que aceite, mas enfim...), pois não tem uma vivência na sua história recente de migrações e de procura de um futuro melhor.

Agora os portugueses, precisamente devido à história recente, em que tem um passado de emigração, de mistura com diversas raças e culturas, deveriam ser os primeiros a pelo menos receber a diversidade com uma maior abertura. Porém, a cada dia/ano que passa, cada vez há mais incompreensão e medo que derivam de uma ignorância profunda sobre quem chega ao nosso País.

Quando um estrangeiro que não conhece Portugal, me pede para caracterizar o perfil do português típico, eu diria que é uma pessoa alegre, simpática, acolhedora, amiga do seu amigo........ epá... Será?!?!? Hoje em dia, é cada vez menos assim, vivemos numa sociedade cada vez mais competitiva, em que o individualismo é a religião vigente, e em que aprendemos a ter medo e a fechar as portas a tudo o que é diferente! Onde está o português bonacheirão que convida os amigos para uma patuscada na sua casa, para tomar uns copos, e conviver com os amigos e com os conhecidos? Na cidade??? Ajuntamentos de mais de 3 pessoas já quase se consideram subversivos!

Mas também quem chega a Portugal deve fazer um esforço para conhecer os hábitos de quem cá está, de se integrar numa nova realidade, pois de outra forma ele próprio acaba por discriminar todos os outros que o rodeiam. Deveria haver incentivos à execução de trabalhos comunitários que dessem as conhecer as diversas comunidades e tentar através desse conhecimento, quebrar o ciclo vicioso de afastamento e de isolamento de cada uma delas. Mas para isso, terá que haver um esforço de todos para eliminar o que envenena e apodrece qualquer tentativa: o medo.
Enquanto não houver uma política séria para identificar e punir severamente a marginalidade dentro de cada comunidade, haverá sempre desconfiança, que leva ao medo, e que leva ao afastamento, à xenofobia e a mais marginalidade. De nada serve desmantelar os guetos para distribuir as pessoas por outros guetos, pois isso é mesmo que estar a tratar o cancro com células cancerígenas!
Por esse País fora há muita gente séria, honesta, trabalhadora, amiga de seu amigo, que não deve ser estigmatizada por que é negro, amarelo, brasileiro ou moldavo! São pessoas como eu e você, que tem anseios, que desejam uma vida melhor, e que querem ser felizes até onde seja humanamente possível! Antes de pensar "Estes tipos deviam voltar era para a terra deles", pense que um dia poderá ser a sua vez de estar na posição deles!

Este tipo de discriminação conduz a outro tipo de discriminação, a discriminação no trabalho. Nas sociedades modernas, há cada vez mais a noção que o trabalhador deve ser um super-homem ou super-mulher que tudo faz, bem feito, com base na experiência adquirida e com uma rapidez e eficiência a toda a prova.
Como a ciência ainda não atingiu esse estágio de desenvolvimento, posso dizer com razoável certeza que:
- ninguém nasce ensinado;
- ninguém trabalha sozinho ou apenas para si, senão é hobby e não trabalho;
- ainda é humano errar;
- a vida de um ser humano é feita de um acumular de experiências;
- o dia tem apenas 24 horas

Tendo por base estas permissas, penso que é razoavel concluir que é irrealista o que se pede de quem trabalha. Pede-se a um novato no primeiro emprego que tenha experiência, que saiba produzir no dia seguinte a ter começado a trabalhar, exige-se a um funcionário com 30 anos, que sempre cumpriu com o seu trabalho, que o abandone porque já está velho (e experiente). Isto quase raia o surreal, e com o passar dos tempos estamos perante uma bomba relógio que poderá trazer consequências devastadoras para as sociedades ocidentais, ao ponto de as desestruturar por completo. O único valor que subsiste é o "Salve-se quem puder" em que se espezinha tudo e todos para cumprir um objectivo.

Qualquer empresa vive das pessoas que a compõem e muitas vezes essas pessoas acabam por ser moldadas à imagem da sua empresa, quer no bom, quer no mau sentido. Porque é que isso não é reconhecido? Qualquer pessoa no activo passa quase 1/3 da sua vida a trabalhar, acabando por ser essa a actividade mais importante da sua vida a seguir a dormir!! É bom que pelo menos sejamos recompensados pelo esforço e que sejamos minimamente felizes durante esse período!

Mas para que isso aconteça, há que ser realista, estar numa envolvente em que a humanidade seja um factor crucial para a prossecução de um determinado objectivo. O espírito de equipa deve ser privilegiado, mas devem ser respeitadas as diferenças de cada um e deve haver abertura de todos para receber uma crítica construtiva, que conduza a uma melhoria de todo o grupo e de cada um!

No entanto, a visão actual que predomina é a de matilha, e não de equipa. Quem pertence à matilha, tem direito a comer. Os outros são apenas presas potenciais ou apenas vítimas por serem diferentes e não respeitarem o código da matilha. Por que é que alguém é preterido, só porque não vai todas as sextas-feiras à noite para uma farra qualquer com os restantes? Por que é que alguém é preterido por que é mulher, por que é mãe, por que é estudante, por que é avô, por que fala esquisito ou se ri muito? Em que é que estes factores contribuem para a sua produtividade e para o valor que tem para a empresa? É mais importante para a empresa o que entra às 9:00 e sai às 18:00, ou por exemplo o estudante que entra às 10:00 e sai às 16:00 e que consegue durante esse período produzir mais do que o outro que cumpriu o horário à risca? Ou que a mãe que saiu às 15h00 para amamentar o seu filho, mas que no período de trabalho conseguiu fechar aquele contrato de 100.000 euros?

Como já devem ter percebido sou a favor do conceito da meritocracia versus a uniformidade de tratamento, mas desde que aplicada justamente e não da forma enviezada como normalmente acontece nas empresas portuguesas, onde prevalece o amiguismo como critério principal, por oposição ao real mérito. Mas sobretudo, sou contra o preconceito e contra tudo o que conduza a que a relação de trabalho seja acima de tudo um método de tortura e não uma actividade sadia, necessária, e enriquecedora quer do ponto de vista financeiro, mas sobretudo como experiência de vida.

Discriminação é a negação da diferença, logo uma forma de negação da própria vida!
Aprenda a conhecer, antes de optar por um preconceito!

Pense nisso!! Por uma Sociedade melhor, que gere um pouco mais de Felicidade.

segunda-feira, 30 de outubro de 2006

O Culto da Imagem

Nas sociedades modernas, e em particular, nos meios urbanos, cada dia dá-se mais valor à imagem que cada um tenta impor aos outros. O culto da imagem é levado a um ponto em que se confunde o ser com o parecer, com a vontade de parecer algo que não é e que talvez um dia venha a ser!

No fundo, culto da imagem é quase sempre (quase!!) sinónimo de mentira, de embuste, de demonstração de um Eu que corresponde aquilo que se pensa que os outros querem que se pense de si próprio! Esta formulação é complicada, mas também o culto da imagem o é, como o são todas as mentiras que se querem tornar verdades.

Por que é que as pessoas querem parecer aquilo que não são, por que é que querem começar a enganar os outros começando pelo invólucro exterior? A verdade do ser humano está naquilo que se vê mas sobretudo naquilo que não se vê, que apenas se pressente, ou que se sente. Porém, nos dias de hoje, sentimento, verdade, honestidade são valores antiquados, fora de moda e que não se conjugam com o culto da imagem.

O culto da imagem começa por coisas tão simples, tais como a "obrigatoriedade" de um funcionário bancário andar de fato e gravata. Porquê?? Aquele invólucro torna-o mais honesto? Vai impedi-lo de enganar um cliente ou dar um desfalque no banco? Por outro lado, já viram um maltrapilho dar um desfalque? Então a imagem do fato e gravata será também um sinónimo de desonestidade? Ninguém usa esta lógica!

Mas convencionou-se esta imagem, em que o homem de negócios deve ser formal, ter uma imagem limpa e quase uniformizada. Mas por debaixo dessa imagem, escondem-se muitos homens, muitas maneiras de pensar, de viver a vida, de conviver em sociedade, muitos segredos, muitas mentiras e muitas verdades. Até porque cada um pensa por si próprio, logo será pelo menos marginalmente diferente do outro!

No caso das mulheres não há uniformidade no vestir, mas há na actuação: a grande maioria vive em diversos graus do culto da imagem, mas raramente está satisfeita com a imagem que transmite. Não pretendo nem de perto ser um crítico ou fazer uma análise psicanalítica do culto da imagem nas mulheres, apenas constatar que é um pouco diferente do dos homens e talvez mais acentuado. No entanto, nas sociedades modernas ocidentais, essa diferença é cada dia menor, e por isso se sente cada dia mais que se vive numa sociedade de mentiras.

São os ricos a parecerem mais ricos, os pobres a fingir que são ricos, os belos a mostrarem que são belos por fora e ocos por dentro, os feios a tentarem desesperadamente parecerem belos por fora, porque por dentro ninguém quer saber como são!

Muitas pessoas dizem, e incluo-me neste grupo, que "a primeira impressão sobre alguém é a que fica". Mas o interessante está em conhecermos alguém muito para além da sua imagem, desmascarar essa cortina de ilusões que tolda a visão de cada um sobre o outro. Se cada um valesse apenas pela sua imagem, teríamos um mundo quase monocromático, pois a tendência será para a uniformização dos padrões de beleza, de moda e comportamento social. Só o que está dentro dessa máquina fabulosa a que chamamos corpo humano é que trará a diferenciação, pela experiência e vivência de cada um.

Não gosto de julgar pelas aparências, mas todos temos aqueles estereótipos que não conseguimos suportar, seja pela sua intrínseca idiotice, seja pela sua inata propensão para a asneira, seja pela força bruta que emana das suas acções e que afasta quem quer que chegue perto, quer até pela santíssima e benta inocência, que ninguém acredita que possa ser verdadeira!

É do mais puro senso comum que devemos sempre defender a nossa privacidade, e para isso usamos algumas tácticas usadas no culto da imagem, mas que devem servir sobretudo para nos defendermos de quem quer se intrometer, de quem quer apenas vasculhar e chafurdar e transformar por vezes a felicidade num lodaçal imundo de meias palavras, inuendos e mal-entendidos.

Se querem um Mundo Melhor, não se façam à imagem de alguém, mostrem o que são, quem são, como são! Vão ser muito mais felizes no final do processo, quando fizerem uma introspecção sobre o valor da vossa imagem e do que ela vale para os que vos rodeiam.

No entanto, para certas pessoas, o culto da imagem é totalmente inútil, pois não conseguem sequer ver o que vêm no espelho. É uma doença bizarra, mas que acaba por ser um sinal do mundo louco em que vivemos: prosopagnosia ou "face blindness". O artigo é da WIRED.com, mas revela um universo que tenho dificuldade em assimilar, em que o doente vê as pessoas, mas não consegue identificar as feições, nem mesmo as suas próprias quando se vê ao espelho. É um mundo de imagens e de pessoas sem faces. Para estas pessoas, uma conversa deve mesmo valer mais do que mil imagens!!

Pensem nisso!!

domingo, 22 de outubro de 2006

Abertura da Vista do Subúrbio

Sejam bem-vindos à tentativa número 2 de colocar algumas reflexões pessoais sobre o Mundo em que vivemos.
Não quero ser pretensioso e dizer que este vai ser o melhor blog da Internet, nem nada que se pareça! Apenas quero, de uma forma simples e honesta, dar a conhecer mais uma visão do Mundo, que com certeza será igual e ao mesmo tempo diferente de todas as outras (ou não fôssemos humanos).
O meu mundo está na fronteira entre o socialmente correcto e socialmente marginal, pois todos os dias tenho que conviver com o medo e ao mesmo tempo com a indiferença e a monotonia. Tudo isto porque vivo num local que é quase uma aldeia, que sempre conheci desde que nasci, e que agora vive lado a lado com um dos piores bairros da cintura de Lisboa, devido à sua marginalidade e discriminação.

Bem-vindos ao meu mundo!