quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

É mesmo preciso um Dia dos Namorados?

A sociedade actual, com a correria do dia-a-dia, esquece os items mais básicos para uma vida minimamente feliz, como o Amor. Numa sociedade em que se desse primazia às pessoas, seria necessário instituir um Dia dos Namorados? Se alguém ama outra pessoa, algo vai mal se precisa de um dia no ano para o demonstrar!

No entanto, agora instituiu-se o dia dos Namorados como o dia para demonstrar (compensar?) o amor pela pessoa amada. A vida por vezes degradante das grandes cidades obriga a estes mecanismos de compensação, em que funciona como uma catarse pela pouca atenção que lhes prestamos durante o resto do ano. Claro que não é tanto assim para os enamorados, mas acontece cada vez mais com os casais, em particular, casais em que ambos trabalham e tem um ou mais filhos de tenra idade.

Numa cidade como Lisboa, em que quase todos os que lá trabalham moram na periferia, e em que quase ninguém consegue cumprir "apenas" 8h diárias de trabalho, estamos perante um cenário em que:
  • Levantam-se ambos às 6 da manhã para cuidar dos miúdos
  • Saem de casa às 7h da manhã para levar os miúdos à escola que fica a meia-hora de carro porque a escola que está perto de casa só tem marginais e não inspira confiança;
  • Chegam ao trabalho às 9h(com sorte...)
  • Um dos pais sai do trabalho a correr às 17h30 para que os miúdos não fiquem plantados à porta da escola à espera. Quem não lá escolhe a ajuda da primeira instituição de caridade familiar: os avós
  • O outro, por causa do trânsito infernal ou daquele problema com os transportes chega a casa às 20h, completamente extenuado e furibundo com mais uma "seca" depois de um dia de trabalho
  • Jantar juntos? Nahhh... os cuidados com os miúdos não deixam!
  • 21h00? Com sorte já conseguiram jantar... Finalmente um pouco de paz porque os miúdos estão quase a ir pra cama. Os que não estão, estão a pedir ajuda para aqueles deveres escolares que tem dificuldades e para os quais nem os pais percebem que mente retorcida pediu aquilo... e a cabeça começa a pesar com o cansaço!
  • Finalmente conseguiram pôr os miúdos a dormir!! Mas a esposa quer ver o episódio da novela que está muito interessante... e quando olham um para o outro, percebem que são 23h.
  • Azar, afinal hoje a novela tem 2 capítulos seguidos / há 2 novelas seguidas (escolha o que quiser!), e a noite vai acabando...
  • Quando finalmente olham novamente um para o outro... estão demasiado agastados e cansados para pensar nessas coisas de Amor!
É para eles que deve servir o Dia dos Namorados!! Então, que tal mudar o nome para Dia dos Casados com Filhos? Realmente o nome é feio, mas era mais adequado. Amor não escolhe o dia nem a hora, nem precisa de data no calendário!

Agora vou continuar a namorar, que é sempre muito melhor do que pensar na vida do Subúrbio! Pense nisso, namore, ame e por uns momentos esqueça todos os dias a vida tramada que possa ter!

A todos os que sabem amar,Feliz Dia dos Namorados!

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

A Pequenez perante a Força da Natureza

O dia no Subúrbio até parecia que ia ser modorrento, com uma chuva miudinha, o céu cinzento, as intermináveis filas de trânsito tão típicas da 2ª feira, que a qualquer comum dos mortais, dá logo vontade de fazer meia-volta e voltar para casa...

No entanto às 10:35, surge um evento que veio marcar o dia. A essa hora, ocorreu um sismo ao largo do Cabo de São Vicente, a cerca de 160Km, com uma intensidade de 5.8 na escala de Richter, o mais intenso desde o sismo de 1969.

Já estava no trabalho a tentar organizar as ideias para começar mais uma semana, mas naquela hora senti um tremor ainda mais incontrolável do que o habitual. Ainda pensei que fosse mais um camião a passar na rua que faz tremer o edifício, mas desta vez não. Senti-o na cadeira, na sala, na mesa, por dentro. No entanto quando tomei consciência do que era já tinha terminado! No entanto, definitivamente abalou o meu dia!

Devo confessar que de todos os fenómenos naturais de maior magnitude, o que mais me assusta é precisamente o sismo, quer pelo potencial de destruição, quer pela total imprevisibilidade do mesmo. É perante fenómenos desta natureza que me sinto minúsculo, impotente, perante tamanha força! É esta força da Natureza que nos faz relembrar que apenas estamos aqui porque a Mãe Terra nos permite usufruir das suas belezas e riquezas, que tanto teimamos em destruir, saquear e conspurcar.

Essa força que faz com que o chão que achamos sólido se transforme numa geleia em movimento, que nos faz tremer, balançar, cair e perder o norte. Que faz desmoronar o que ninguém achava possível destruir, que faz desaparecer o que tomávamos como inexpugnável ou indestrutível.

O susto é maior porque ao imaginar o que pode acontecer após o Grande Sismo, me vejo num cenário de total caos, com destruição maciça do mundo que nos rodeia, pois não acredito que num cenário de verdadeiro abalo, não tenhamos um grande grau de destruição das cidades na área metropolitana de Lisboa, devido a tantos e tantos erros, vícios e atropelos na construção civil nos últimos 30 anos.

Até agora, apenas tem sido leves amostras do que a Terra é capaz. Mas e nós? Teremos capacidade para superar essa adversidade? Egoisticamente falando, espero nunca saber a resposta a esta pergunta. Mas é uma pergunta que algum dos nossos descendentes fatidicamente terá que obter a resposta.

Como sempre, no subúrbio, isto apenas mais um incidente, e a vida retoma a anormalidade normal de todos os dias. Amanhã ninguém mais se lembra do assunto, até a Terra tremer novamente, quem sabe se durante um lindo por do Sol de uma esplendorosa tarde de Verão!

Seja como for, hoje senti-me ainda mais pequeno. Mais uma vez, fui posto no meu lugar pela Mãe Natureza: sou apenas mais um dos elementos que habitam a Terra, e não o dono dela!

Pense nisso!! Aprenda a respeitar o Mundo que o rodeia!!