segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Para quem pensa que reclamar sempre compensa!

Hoje li uma notícia da Lusa que cito abaixo, que apesar de ser ostensivamente capciosa e que mostra apenas o superficial e o fait-divers à volta do acontecimento, pelo menos tem a vantagem de relembrar que nem todos os que reclamam tem razão.

"Porto, 14 Jan (Lusa) - Uma mulher que em 2005 pediu o Livro de Reclamações num restaurante de Matosinhos aguarda ainda o resultado da queixa, mas já foi condenada em tribunal por "pôr em causa o prestígio, crédito e confiança" do estabelecimento.

Fonte conhecedora do processo disse hoje que o Tribunal de Matosinhos condenou a mulher a indemnizar a dona do restaurante em 300 euros e a pagar uma multa de 15 euros por dia, para remir uma pena de 75 dias de prisão.

De acordo com a sentença do caso, a arguida foi condenada porque "disse repetidamente, em tom exaltado e de modo audível para as demais pessoas que se encontravam no restaurante àquela hora, nomeadamente que a comida não prestara e que nunca tinha sido tão mal servida".

Os factos remontam a Julho de 2005, durante um jantar de um grupo de médicos e enfermeiros de um centro de saúde, para assinalar a despedida de um colega de trabalho.

Perto do final do repasto, uma das participantes considerou ter sido tratada de forma indelicada por um dos funcionários, pedindo o Livro de Reclamações.

Segundo a fonte, o Livro de Reclamações só foi fornecido depois do pagamento das refeições e após a chamada da PSP.

Na sequência desta queixa, a reclamante foi notificada pelo tribunal, em Fevereiro de 2006, de uma queixa-crime que lhe tinha sido movida pela proprietária do restaurante que viria a resultar na sua condenação.

As expressões desprimorosas para o restaurante que determinaram a condenação terão sido proferidas pela arguida no intervalo de cerca de hora e meia que mediou entre o pedido do Livro de Reclamações e a sua apresentação.

A fonte afirmou que em Dezembro do ano passado, cerca de dois anos e meio após a ocorrência, a reclamação continuava em analise nos serviços camarários.

Contactada pela Lusa, fonte da Câmara de Matosinhos disse que está a avaliar o caso, prometendo esclarecimentos em breve.

JGJ.

Lusa/fim"


O que será que a senhora terá dito em tom exaltado? Imagino que apesar de potencialmente ser uma médica ou enfermeira, deve ter soltado algumas palavras que fazem corar as pedras da calçada, na forma tão características das gentes do Porto. Será que tinha razão?

Como cliente, mas também como fornecedor, já me senti dos 2 lados da barricada, e sei como se pode ser muito pouco objectivo na hora de reclamar sobre algo que não foi do nosso agrado, e também como essa reclamação pode ser completamente injusta ou injustificada face ao serviço prestado.
Claro que a maioria vai achar que estou a ser complacente, mas quando estou como cliente, tento ver o lado de quem me está a prestar um serviço ou a vender um bem, e só reclamo quando acho que estou objectivamente a ser prejudicado e não apenas por que não fui com a cara de quem está na minha frente.
Talvez seja essa a cultura predominante no País agora, pois antes todos comiam e calavam. Agora todos cospem no prato de comida que lhes dão e querem sempre mais e mais, e de preferência, de borla. É uma melhoria nos nossa forma de viver em sociedade, mas só teremos realmente evoluído quando reclamarmos com razão e essa razão nos seja reconhecida de forma expedita e civilizada, sem precisar recorrer a pressão psicológica, coação física ou ameaçar com a ASAE ou outro organismo regulador, que agora parece pior do que era ameaçar fazer queixa à PIDE no tempo da "outra senhora"!

Reclamem, mas racionalizem antes de o fazer, sob pena de vos acontecer o mesmo que a esta senhora, ou em alternativa, terem uma chatice imensa que não vai dar em nada.