terça-feira, 22 de junho de 2010

A Curva da Mudança

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Bater em Criança

Um post interessante no blog da psicóloga Cláudia Morais, sobre um tema que até há poucos anos era encarado como "educação musculada" e agora é considerada violência parental.

Muito se tem dito e escrito sobre o impacto dos castigos físicos impostos às crianças. Como a fronteira entre uma palmada no rabo e a agressão física nem sempre parece clara, e porque demasiadas crianças são vítimas de abusos por parte dos próprios pais por esse mundo fora, o tema tem dado pano para mangas.


Bater continua a ser um dos castigos aplicados pelos pais para impor a disciplina. Um estudo recente permitiu um novo olhar sobre a relação entre estes castigos e a violência física. Estatisticamente é possível verificar que as mães que recorrem à palmada para castigar os filhos têm três vezes mais probabilidade de usar formas de punição mais severas. Estes abusos incluem espancamento, queimaduras, pontapés, bater com um objecto numa área do corpo que não sejam as nádegas ou sacudir uma criança com menos de dois anos de idade.


Quanto maior é a frequência dos castigos físicos, maior é a probabilidade de existirem abusos físicos; bater nas nádegas com um cinto, uma colher de pau ou outro objecto qualquer aumenta nove vezes esta probabilidade, em comparação com os casos de mães que não costumam bater nos filhos com um objecto.


Estas associações podem estar relacionadas com a ineficácia dos castigos quando os pais não encontram outros recursos para impor a disciplina – como o reforço positivo ou a colocação da criança a um canto durante um tempo, sem fazer nada.


Assim, importa recordar algumas regras sobre disciplina:


  • Os pais devem manter-se calmos aquando das birras/ episódios de mau comportamento e evitar gritar, para que a criança aprenda que o descontrolo emocional não deve prevalecer. Se as coisas piorarem, mais vale “fazer uma pausa” e voltar a falar com a criança com mais calma.
  • Deve evitar-se a crítica excessiva. É importante que a criança perceba que o que faz com que os pais fiquem descontentes é um determinado comportamento, sem que isso coloque em causa o amor que sentem.
  • Os pais não devem centrar-se apenas nos aspectos negativos. É importante reforçar positivamente os bons comportamentos. É melhor dizer “Fico contente quando arrumas os teus brinquedos” do que “Eu gostava que, pelo menos uma vez na vida, fosses capaz de arrumar os teus brinquedos”.
  • Deve evitar-se os castigos físicos. A Associação Americana de Psicologia tem divulgado estudos que demonstram que esta forma de punição não é mais eficaz do que outros castigos e pode contribuir para que a criança se torne mais agressiva.
  • Os pais devem recompensar e elogiar os bons comportamentos.
  • Os pais devem perceber a diferença entre uma recompensa e um “suborno”. Uma recompensa é dada quando a criança atinge um objectivo, enquanto um suborno é oferecido antes dessa concretização, para tentar motivar a criança a fazer aquilo que os adultos querem.
  • É importante que os pais sejam bons modelos de aprendizagem. Dificilmente se conseguirá que uma criança não seja agressiva se os progenitores adoptarem sistematicamente esta forma de comunicação.

Não sou apologista da violência gratuita seja contra uma criança ou qualquer outro ser humano. No entanto, todos devem desde pequenos saber que há limites, valores, comportamentos que são mais adequados que outros para uma vivência em sociedade. E no caso das crianças quem melhor que os seus próprios pais para mostrar de forma saudavel mas firme quais são os valores com que nos regemos? Se quando a criança se tornar adolescente ou adulto, conscientemente decidir não seguir as orientações dadas pelos pais e educadores, já terá uma bagagem de vida que lhe permitirá escolher em consciência.
Se não houver essa educação no sentido mais lato quando são crianças, correm o risco de não ficar preparados para viver em sociedade e terem comportamentos disfuncionais e acabarem por mais tarde se virarem contra os seus educadores, culpando-os da falta de bases para viver.

Eu sei que é mais fácil falar do que fazer, mas uma das máximas de viver em sociedade é
"A minha liberdade termina onde começa a dos outros"