quarta-feira, 6 de junho de 2007

Ninguém é indispensável, mas que faz falta, faz!

Em primeiro lugar deixem-me realinhar o posicionamento do que escrevo: escrevo sobre o que sinto e sobre o que me rodeia.
O objectivo inicial deste blog talvez fosse um pouco mais generalista, mas até pela pouca divulgação do mesmo (o meu contador conta actualmente umas miseras 250 visitas, e ainda por cima algumas são minhas para fazer os posts), cada vez mais se torna um cantinho intimista em que todos os que vierem por bem, são bem vindos.

Esta ausência de quase 3 meses deveu-se entre outras razões, a umas retemperantes férias em terras de Vera Cruz, que por razões meramente conjunturais acabaram por me fazer contactar durante mais tempo com outra suburbia, outra realidade, outras pessoas, mas que infelizmente tem muitos pontos comuns com a nossa realidade suburbana.

No entanto, não é deste meu devaneio por outras paragens que me leva a esta prosa. Que me perdoem os outros, mas este post tem destinatários. Nestes 3 últimos meses aconteceram alguns eventos preocupantes do ponto de vista profissional e consequentemente também do ponto de vista pessoal, pois não consigo compartimentar totalmente as relações pessoais das profissionais, pelo menos dos que me estão mais próximos.

Tenho tido o prazer de trabalhar numa equipa em que, apesar das múltiplas dificuldades sentidas num ambiente de quase guerra sem quartel, esta sempre soube manter uma estabilidade, unidade, camaradagem e força invejada por muitos dos que nos rodeiam.

Porém esta estabilidade começa a ser comprometida, quer pelas justas ambições de uns, quer pela precariedade do vínculo laboral de outros, e antevejo dias ou meses difíceis pela frente.

Costuma dizer-se que numa organização, ninguém é indispensável. No entanto, numa equipa onde cada um tem características que complementam as dos outros, a saída de alguém acaba sempre por ser uma perda sentida. Se juntarmos a isso uma relação pessoal mais próxima, a perda pode ser ainda mais sentida, mas a vida é feita disso mesmo, de rupturas na continuidade, que nos fazem acordar para a realidade a que nos acomodámos.

O motor de uma boa equipa é o respeito pelas diferentes opiniões, pelas diferenças de comportamentos, e em simultâneo o reconhecer das limitações de cada um e a humildade de as assumir sem que isso se torne uma forma encapotada de se encostar ou sobrecarregar os outros.

Sei que, tal como estive prestes a dizer "Adeus", outros o farão num futuro mais ou menos próximo, pois nada nesta vida é imutável. Fica aqui o meu testemunho sincero de que esta equipa vale pela soma de várias personalidades, maneiras de trabalhar, maneiras de ver e estar na vida e que soube gerir as tremendas dificuldades do dia-a-dia com uma postura positiva, conseguindo rir mesmo naquele momento particularmente stressante, após mais uma estonteante "cavalidade" cometida seja por colegas ou pessoas externas ao grupo.

De todos, talvez por ser o "membro fundador" da equipa, sou o que sinto mais as mexidas que se perspectivam, e sinto-o porque apesar de todos os defeitos que cada um naturalmente tem, na minha quiçá inocência, penso que todos eles podem contribuir para um objectivo comum. Cada um no seu modo de ser contribuem para que o dia seja um pouco menos cansativo... Seja pelo sorriso matinal que desarma qualquer má disposição, seja por aquele ar preocupado de quem já desancou 32 pessoas e ainda são só 9:30 e logo a seguir conta uma piada, seja pela estória de mais uma peripécia da filhota querida, seja pela resmunguice de quem mais uma vez chegou atrasado por causa do trânsito e tem 30 papeis para fechar nesse dia, ou seja pelo riso gaiato de quem parece não ter preocupações na vida, tudo isso são pequenos actos que me fazem sentir na minha segunda casa, junto da minha "família".

Numa equipa assim, garanto-vos, a todos sem excepção: ninguém é indispensável, mas todos fazem muita falta!!

A todos eles, fica aqui o meu reconhecimento pessoal pelos ensinamentos profissionais e de vida que tenho podido obter de todos eles aos longos destes últimos meses. Não sei quanto tempo continuaremos a partilhar as mesmas funções, mas podem ter a certeza que o respeito pelo trabalho e individualidade continuará, sempre na mesma na medida em que seja respeitado (só peço isso em troca).

Como dizia com muita graça um colega: "Avisa-se que um contacto prolongado com esta direcção pode causar danos irreparáveis", a que eu junto "...mas com uma equipa destas, não há dano irreparável nem mal que perdure".

Um Mundo um pouco melhor constrói-se com entreajuda e respeito pelos que nos rodeiam, sejam eles família, amigos, colegas ou até estranhos com que nos cruzamos na rua. Pense nisso e aja em conformidade. Talvez descubra que afinal a vida na Suburbia ainda pode proporcionar bons momentos no meio do stress e da loucura do dia-a-dia! E na vertente que menos esperava!!

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