quarta-feira, 6 de junho de 2007

Carta aberta ao Presidente da Junta de Freguesia do Subúrbio

Este e-mail que abaixo transcrevo, foi escrito num momento de revolta inconformada com a quantidade de disparates e desperdício do meu dinheiro (do dinheiro de todos nós) que tenho assistido nos últimos anos no meu subúrbio. No entanto, o que é revoltante é que quase todos os que vivem nas áreas suburbanas de Lisboa, tem de certeza queixas semelhantes, independentemente da cor politica do executivo camarário ou da freguesia. É por causa de pequenas coisas como estas que perco todos os dias a minha confiança na capacidade da classe política mudar algo neste País... Retiro as referências especificas, mas apenas por razões "pseudo-literárias" e de privacidade.

"Ao cuidado do Sr. Presidente da Junta de Freguesia da Subúrbia e restante executivo da Junta

Venho pela primeira vez recorrer a este meio para demonstrar o meu veemente protesto pelo péssimo serviço aos habitantes da Subúrbia que este executivo da Junta de Freguesia tem vindo a prestar nos últimos anos, no que respeita às condições de habitabilidade nesta cidade já de si problemática, e que o exemplo abaixo apenas é mais uma evidência.

Sou morador na Rua A e hoje, dia 28/MAIO/2007 fui confrontado com a execução de uma obra nesta rua que me deixou totalmente perplexo.
Há alguns anos atrás foram construídas 2 reentrâncias nos passeios da parte poente desta rua para acomodar os contentores de lixo, devidamente acondicionados, protegidos com barras de metal em redor, que por um lado impediam que os automóveis batessem nos contentores e por também impedia que em dias de maior intempérie, os contentores andassem espalhados pela rua com o vento.

Hoje ao voltar a casa no fim da tarde deparo com a obra executada (que pela dimensão e tipologia, pressuponho que seja de responsabilidade da Junta de Freguesia), em que taparam as 2 reentrâncias criadas nos passeios. Assim, os 3 contentores do lixo estão agora soltos no meio da rua, com evidente perigo de acidentes numa rua já de si extremamente apertada, estando um
deles em cima de uma curva de pouca visibilidade.

Este é apenas um dos pequenos exemplos que povoam a cidade de Subúrbia, do que considero um desperdicio quase doloso do dinheiro dos contribuintes com obras de total inutilidade. Neste bairro, infelizmente os exemplos nos últimos anos são mais que muitos:
- escoadores transversais das aguas das chuvas na Rua B que agora nada mais são do que mais bandas sonoras e buracos na rua. Só mesmo quem nunca esteve aqui no bairro num dia de chuva é que não percebe que o problema é que a rua foi construida num leito de rio e a não ser que façam uma barragem, a rua continuará sempre a inundar cada vez que chove um pouco mais forte.
- Parque de estacionamento junto à rotunda do Supermercado - fizeram um parque de estacionamento que ninguém usa com medo dos assaltos diários provocados pelos bandos de marginais oriundos do bairro vizinho. Como consequência do novo parque, a terminação da Rua A com a rotunda quase não tem espaço para se cruzarem 2 carros.
- Afunilamento da Rua A, topo poente, com a construção de um pseudo passeio que tem um desnível de quase 20 cm para a estrada (deve ser para os idosos do Bairro poderem fazer exercícios de stepping, de certeza!!!).
- Permissão de construção no topo da Rua A/Rua B com uma volumetria que tudo indica vai fazer com que a construção fique em cima da estrada. Lugares para estacionamento? Não deve ser preciso, e o construtor aproveita e "rouba" mais alguns dos poucos lugares ainda disponíveis para estacionar , para passear os filhos/netos ou o cão na rua. Acho extraordinário é como podem construir por baixo de linhas de alta tensão, mas nesta Cidade já nada me espanta.

Fora do Bairro também existem outros exemplos, como a verdadeira zona de guerra em que se transformou a Av. Paris-Dakar há meses a fio e que não se vê fim à vista, nem sequer real utilidade nas obras que estão a ser efectuadas, com prejuízos que imagino incalculáveis para os moradores e comerciantes (já de si poucos) da zona.

Apelo à Junta de Freguesia para que dedique os seus esforços a contribuir para o real bem estar e segurança das populações, como por exemplo:
- exigir junto das autoridades policiais mão firme contra a marginalidade cada dia mais evidente e descarada em toda a nossa cidade e com origem há muito identificada;
- garantir a segurança no acesso ao novo Centro de Saúde de Subúrbia ou caso contrário, estaremos a trazer os idosos, doentes e necessitados ainda para mais próximo de zona inseguras (talvez um dia os senhores autarcas venham ao novo Centro de Saúde de madrugada e tenham que ficar numa fila de espera para marcar uma consulta, e ali ao lado ouvirem os disparos de armas, como com alguma frequência ouvimos aqui na vizinhança)
- fomentar sem obras de fachada uma politica de criação de verdadeiros espaços verdes onde tal ainda é possível, e não apenas plantação isolada de umas arvorezinhas raquíticas que depois ninguém mantém
- pararem de vender a terra onde todos moramos à chusma de especuladores imobiliários que sugam a vida deste País e desta Cidade e começarem a criar condições de vida condignas aos que cá habitam, prestando serviços de forma a que Subúrbia seja uma Cidade viva e não apenas um deposito nocturno de pessoas.

Lamento dizê-lo, com a tristeza de quem sempre viveu na Subúrbia, que tenho vergonha do que estão a fazer com a minha Cidade, precisamente numa altura em que o desenvolvimento causado pela construção em torno das novas acessibilidades veio trazer uma oportunidade que não se repetirá nas próximas gerações para criar uma Cidade moderna e mais funcional e que se tinha libertado das grilhetas de um transito caótico que contribuía para asfixiar o seu desenvolvimento.

Senhores Autarcas, garanto que nas condições actuais não voltarão a ter o meu voto, quer para a Junta, quer para o Município. Como Suburbano, peço-vos que nos façam um favor: se não sabem fazer bem feito, mais vale não fazerem nada, pois pelo menos sei que o meu dinheiro não é atirado para o lixo e fico com a
inocente esperança que mais tarde poderá vir a ser bem usado por quem sabe o que faz."

Como é já normal nestes casos, não obtive qualquer resposta, mas pelo menos deitei-me um pouco mais feliz por não calar a minha revolta.

Sem comentários: