segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Honestidade está fora de moda

A honestidade é algo que está completamente fora de moda, e é encarada até como um defeito, uma fraqueza, pois dá-se sempre mais importância às aparências do que à verdade. A verdade não interessa a ninguém, apenas interessa a aparência, a falsidade, o enganar apenas pelo prazer de parecer aquilo que não se é.
Por vezes dizem que as crianças são brutalmente honestas, mas o que acontece é que elas não estão ainda contaminadas pelo politicamente correcto que tudo corrói e corrompe.
Cada vez mais se vive num mundo de mentira, em que a mentira é encarada apenas como algo natural, como defesa da privacidade e outros chavões que se encontrou para justificar a possibilidade de mentir, ser falso, e isso ser socialmente aceite.

Quando se fazem filmes tipo Matrix ou se apresentam algumas teorias da conspiração, é senso comum dizer-se que é algo exagerado, que a sociedade actual não está nesse estágio de alienação, etc. Mas estaremos assim tão longe dessa visão do mundo? Com o desenvolvimento da sociedade digital, em que todos estão ligados, mas em simultâneo todos podem ser quase tudo o que quiserem, não estaremos a criar uma realidade paralela, baseada na falsidade comummente aceite? Quem não tem dezenas de “amigos” no Facebook, Hi5 ou outra rede social, mas que na prática mal conhece e se necessário em privado os ataca com uma maledicência sem limites? Quem não se mostra como sendo alguém cheio de amizades, bondade, preocupação social, ambiental e não só e afinal não passa de uma mascara em que basta arranhar um bocadinho a capa para se ver a escuridão da alma que está por trás de tamanho benfeitor(a).

Olhamos a nossa volta e apenas vemos mentira, engano, desonestidade, vontade de tramar o próximo, ganhar vantagem a qualquer custo. A sociedade em que vivemos está cada dia mais podre e mais pobre, e apesar da aparente riqueza financeira, a pobreza moral aumenta diariamente. Cada dia vemos mais porcaria a encharcar a pocilga em que vivemos e ninguém quer fazer nada, pois já entrou no nosso ADN. Se para mim, isso ainda pode causar alguma confusão, para a maioria não interessa absolutamente nada, e sobretudo para os mais novos, cada vez mais os valores de honestidade, brio, profissionalismo, bondade, são conceitos tão longínquos que parecem quase alienígenas.

Eu tenho um filho, mas mesmo que o introduza nestes valores, só conseguirá sobreviver se for igual à carneirada. Não é o que quero para ele, mas possivelmente será o que acontecerá sem que o possa contrariar.

E se tudo isto que estive para aqui a desembrulhar, não passe de outra mentira saída de uma mente perturbada? Fica ao critério de quem ler, aferir dentro de si, o grau de verdade.

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